2009-12-20

e ainda resta...

sabe que dos teus detalhes me lembro pouco, como a tua mão caída na lateral do sofá e as tuas manias habituais, as quais eu me acostumei depressa e depressa também, esqueci. seus olhos já foram mais ardentes, seu jeito de falar já foi mais misterioso e cauteloso. hoje você parece vomitar palavras sem dó nem piedade, como se meu ouvido fosse penico, como se eu ainda tivesse que ouvir babaquices. eu lembro de você me ligar e ficar mudo do outro da linha e depois desligar e ligar em seguida, perguntando porque eu não atendia a merda do celular. eu sentia um prazer secreto em te ver ciumento, ainda que falsamente. certa vez estávamos sentados bebendo em um café turco na cidade e você folheava uma revista sem dar a mínima atenção ao que eu dizia, mas eu não me importava com isso. você que eu nunca me importei. e então eu esbarrei no copo e, como você estava ao meu lado, derramei café quente na sua calça e você se assustou, reclamou e voltou a folhear a revista. sabe, eu estava te dizendo coisas importantes que você nunca saberá (nunca não, quem sabe um dia...) porque estava ocupado demais. eu não queria fazer disso um conjunto de memórias amargas até porque a maior parte delas são doces e eu não estou as relatando aqui; só quero que saiba que perdemos muita vida vivendo coisas desnecessárias, momentos desnecessários e nos preocupando com detalhes desnecessários. nem por isso deixamos de ser felizes e ainda resta aquela carta que você me escreveu... ainda resta...
[...] continua

2009-12-10

minhas mãos te confundiram com a fria areia molhada
e eu que pensei estar sonhando
acordei num repente
e descobri (que infortúnio!) minha cama vazia
o lençol marfim amassado
a luminária acesa
o chá, um dia quente, agora gelado
meu peito, um dia vazio, agora cheio de você
das suas palavras
dos seus versos no meu ouvido
da sua boca na minha pele
do seu toque no meu vestido de cetim
de seda
de algodão
de pele
dos seus olhos perfurando meus olhos
atravesando minha alma
desvendando meus pensamentos
e minha negação
não te amo
não te amo
não te...
basta
sua dose de uísque com gelo
seu hálito quente
recitando
amor
amor
amor
sempre amor
você sabe
mas eu insisto em repetir
eu te amo

agora silêncio

agora, silêncio.
preciso ouvir minha música.
a vigésima sexta que mais amo,
(na lista atual).
agora, silencia a tua boca.
preciso ouvir os olhos teus
somente enqaunto tocam os meus.

2009-11-29

eu não preciso

fingir minha alegria em saber que você é tão meu quanto o contrário.
talvez sejamos um par.
ou talvez sejamos dois ímpares juntos, unidos, enlaçados.
não importa.
eu te amo.

tormento

[...]
sábado a noite e você em casa, vivendo seu tormento. uma dose de vodka em uma mão e a garrafa pela metade noutra, você finge assistir um filme ou o telejornal, arrisca um pornô após a meia-noite mas permanece na angústia. o seu telefone toca e seu corpo estremece, pensa "é ela" mas sabe que ela é grandinha, resolvida e orgulhosa demais para te ligar (ainda mais nesse horário). [...] Alice, sempre Alice. você começa a lembrar de vocês dois na varanda, sob a noite paulista chuvosa e abafada, em um janeiro febril. e nada te lembra amor. apenas prazer e noites fertéis em uma cama que nunca estava arrumada, em uma apartamento que exalava paixão. PAIXÃO, e só. você permanece esperando que ela volte, que ela ligue, que ela obedeça, que ela cresça e resolva sossegar ao seu lado mas o que ela menos quer é sossego. alcool, sexo, música e arte. arte no corpo, arte nos olhos, arte na essência e nas atitudes de Alice, artista nata. ela nasceu do prazer, no prazer morrerá. você sabe que foram feitos uma para o outro e também não foram. é uma contradição.

2009-11-23

feeling.

uma imensidão em mim.
talvez seja o êxtase alcançado ao perdoar e receber o perdão.
como a hóstia consagrada que nos salva até o próximo domingo, livra-nos dos pecados de uma semana para que estejamos livres para pecar na seguinte.
essa imensidão talvez dure apenas uma semana.
ou um mês.
não sei.
e é uma não saber maravilhoso.
ah, o êxtase da ignorância.
aliás, além da imensidão, sinto uma deliciosa sensação de prazer em meus dedos quando tocam as teclas formando a palavra êxtase.
ouça, Ê X T A S E.
é suave e doce, um pouco doentio.
eu sinto chegar algo próximo a mim.
deve ser a chuva.
o brainstorm.
a loucura.
ah, como é bom sentir essas palavras viajando em minha mente, confundindo-me inteira como se eu não soubesse quem sou, por um momento. ou dois.
talvez eu não saiba mesmo.
olha, a porcelana límpida sorri para mim. e me diz: "boa sorte!"
e a sorte do dia diz: "a ausência total de humor deixa a vida impossível."
meu Deus.
eu sinto fibra em meu corpo, sinto sangue, sinto gosto. e sei se é bom!
OUÇA! EU SINTO!
eu sei a diferença, eu sei a equidade, eu sei o tudo e o nada, a centelha, a janela, o fogão, todos me fazem sentir e eu os sinto. e sei que sinto!
pois não louca.
ou sou.
devo ser.
eu adoraria ser louca.
assim, ao menos não teria de viver em justificativas.
neste momento, finjo não sentir nada. e eu sei que sinto a farsa, a omissão do sentimento.
como quando há um beijo e não tocam sinos, nem brota um ramo de flores de nome estranho sobre sua cabeça, mas você sente (e sabe) que o beijo é uma farsa.
chamo isso de hipocrisia dos amantes.
você não quer o amado, tampouco o amante.
mas não sabe. não sente.
por isso, finge para os dois.
pior coisa que há, a farsa.
a mentira.
eu sinto a mentira em mim como um vento gélido que pode até cortar.
e ela me corta.
ELA ME CORTA.
meu sangue não flui, não vejo nenhuma gota no chão.
estou vazia.
é o fim.
o fim.
O FIM.

o melhor de mim.

o melhor de mim é o que ainda não sou. é a transformação, é o que virá, é o que ainda está por acontecer. o melhor de mim são minhas feições naturais, minha face abstrata e meus olhos difíceis de compreender. o melhor de mim são meus defeitos. o melhor de mim é a minha carne fraca, pecadora nata que sou. o melhor de mim é a mentira, é o falso amor, o desamor, o ódio. o melhor de mim é a minha humanidade, é ser gente, pessoa, bicho, monstro, poeta, não-sei-o-quê. o melhor de mim é a minha palavra. o melhor de mim sou eu.

2009-11-22

Sal doce

Sal doce em sua pele perfumada e branca, mergulhada em mar. Olhos vermelhos, mãos pálidas, frias, suaves. Detalhes de alguém em minha vida. Minha vida nos detalhes de alguém. Seus dedos longos percorrendo meus cabelos também molhados, desfazendo nós, fazendo nós. Diz que agora é cedo e ainda teremos o dia todo pela frente, que ainda não acabou, que a noite ainda não chegou porque eu a odeio. Amo ver o sol nascer no seu peito, incandescendo o calor do seu corpo, refugiando meu medo do fim. Amo ver o sol raiar nos seus olhos cor de terra e castanhas frescas, recém colhidas, sempre úmidas. Odeio a noite e o escuro. Odeio ter que dormir quando poderia aproveitar a vida que criamos para nós. Enquanto deveríamos criar um histórico de passagens e sentimentos e sensações e... amor. Odeio a noite e o efeito de cansaço que ela nos causa, odeio ter de esperar o dia seguinte, preferiria permanecer no agora, no agora sempre, no agora eterno. Enquanto somos um todo. Enquanto somos separados amores de um só amor. Enquanto só nós sabemos o significado de nossos escritos, desenhos e arquiteturas secretas na areia, no mar, nas árvores, no mundo. Enquanto sabemos a quem pertencemos. Enquanto ainda é sempre e só e somente e único e unicamente e eterno e eternamente e nosso amor.

2009-11-20

eu aqui

e você em Campinas depois do trânsito, carros, prédios, poluição e sabe-lá-Deus-quantos-quilometros.

término

acabou tudo.
finite.
o copo
o coração
o gelo
o amor
QUEBROU
enquanto sorrimos
mentimos
fingimos
dores
sensações
pesares
alegrias
a última parte de mim que era
EU
VOCÊ
NÓS
NÓS
os nós dos seus cabelos nas minhas mãos frias
e agora
vazias
partidas
interrompidas
cálidas
a última parte desse romance
mentira
a última (e primeira) parte desse nosso amor
desse nosso nada
desse seu nada
desse meu tudo
eu ainda penso que...
acabou
você ainda pensa que...
não
sim
talvez
não sabe
nenhuma das alternativas
eu tão impulsiva
tão sentimental
tão sensível
tão atingível
tão sua
você tão inconstante
tão quente
tão morno
e agora
frio
monótico
sem palavras
sem sabor
e eu fiquei sem
chão
sentimentos
amor
palavras
você
mim
ter o quê dizer
querer dizer alguma coisa
ainda há alguma coisa e é
acabou
acabou
ACABOU.

2009-10-15

fica

fica comigo enquanto o metro não vem.
fica comigo enquanto ainda dá tempo.
fica comigo enquanto ainda nos amamos.
fica comigo enquanto minha boca ainda quer a sua.
fica comigo enquanto eu sinto frio.
fica comigo enquanto meu coração dói.
fica comigo enquanto suas mãos suam.
fica comigo enquanto você tem vontade.
fica comigo enquanto não há nada melhor para fazer.
fica comigo enquanto o filme não acaba.
fica comigo enquanto nossas vidas passam depressa.
fica comigo enquanto vemos o sol.
enquanto vemos o sol nascer.
enquanto vemos o sol se por.
enquanto vemos o sol ir embora.
fica comigo enquanto somos jovens.
velhos.
vivos.
fica comigo enquanto sua respiração é uma constante na minha.
fica comigo enquanto posso te sentir.
fica comigo enquanto escrevo essa carta.
fica comigo enquanto ainda é cedo.
tarde.
noite.
dia.
eternidade.
fica comigo enquanto eu fico contigo.
fica comigo enquanto eu te amo.

10 words

amor, paixão, poesia, crônica, palavra, música, dor, silêncio, vazio, falta.
[...]
podíamos ser mais vulneráveis, deixar que as marés nos arrastassem pelo mar e nos afogassem sem pena. podíamos ser mais infiéis na prática ao invés de imaginar o que faríamos se não fossemos tão presos aos nossos próprios valores fracos. podíamos terminar nossos deveres e nossas vontades com a naturalidade de um sim e a qualidade permanente do não. podíamos poder mais e acreditar mais e ser mais ao invés de menos menos menos. deveríamos multiplicar. podíamos nos dedicar ao que nos é bom e deixar de lado, apenas apagar o que nos é ruim com um tom de indiferença blase. podíamos apenas ser e não tentar ser. deixa-me. deixa-nos. é também.

não quero

perder minhas lembranças e fotografias; esquecer meu passado; roer minhas unhas; amar idiotas; AMAR; ouvir discos ruins; ser indiferente; acreditar em futilidades; ouvir a voz da consciência; perder a chance; fazer uma agenda; brigar com a minha mãe; dormir antes de rezar; esquecer quem é Deus; deixar de visitar minha irmã; me desfazer das minhas apostilas; jogar meus diários no lixo; entre outras coisas.

"faltam 72 dias para o Natal"

Dizia o cartaz colorido no mural próximo a escada.
É, talvez falte mesmo.

2009-09-06

deveres (não) intencionais

eu deveria escrever mais. eu deveria me dedicar a palavra com a intensidade que ela se dedica a mim, não partir. eu deveria ficar sempre. eu deveria permanecer ao lado de todos até o fim, até a morte. eu deveria saber olhar os dois lados da moeda e ganhar sempre o "cara-ou-coroa", ao invés de apenas derrubar a moeda no chão e fazê-la girar. eu deveria me agasalhar a noite e manter minha saúde estável, deveria ouvir os conselhos da minha mãe enquanto ela não cobra por eles ou se vai. eu deveria prezar a compania de todas as pessoas, inclusive das ruins. eu deveria acreditar que ninguém é ruim por completo, apenas em parte o é. eu deveria responder a todas as perguntas que me fazem, como uma obrigação, como se não fazê-lo me gerasse um castigo da qual eu me arrependeria. eu deveria prestar atenção em todos os dialógos e monólogos, eu deveria prestar atenção no que eu digo com a minha própria voz aos meus próprios ouvidos. eu deveria me apaixonar por todos os olhares furtivos que cruzassem com os meus olhos também furtivos, eu deveria me perder sempre e deixar que o jamais me envolvesse por completo, como uma sinfonia de "sim". eu deveria experimentar o novo e permitir a diferença sempre. eu deveria esquecer as escolhas automáticas e sempre seguir um caminho novo. eu deveria permitir o fracasso quando fosse necessário o aprendizado mas, deveria antes, aprender com fracassos anteriores. eu deveria entender que minhas limitações também são vantagens. eu deveria... apenas acreditar que um dever tem de ser cumprido e não deixado por terminar em um bloco de anotações aguardando uma postagem....
___________________________________________________________________*
eu postei esse rascunho apenas para ver no que daria, não está terminado.... esse será, possívelmente, o primeiro texto no meu livro, como uma série de deveres a serem cumpridos nas crônicas seguintes ou alguma coisa parecida. sei lá.

olhos que vêem o céu

tenho observado tudo com grau maior de atenção. não que acredite no "viva o agora como se não houvesse o depois", não é isso. estou fascinada por um mundo que sempre existiu mas eu nunca vi. nada está diferente no mundo, as coisas mudaram em mim. talvez seja momentâneo, talvez permaneça inalterado. tenho visto tons de rosa em degrades sutis e diversas variações do mesmo azul no céu que antes eu via sem cor. meus olhos mudaram sem que eu consultasse um oftalmologista. o mais interessante é que não foi voluntário, quando percebi já estava mudado. acordei numa bela manhã e, simples e absolutamente, olhei tudo. desde a cadeira marrom-terra as paredes creme e cenoura. eu abri os olhos e vi tudo. passei a enxergar claramente e sem nenhum esforço diversos detalhes imperceptíveis. passei a ver a alma do mundo. olhei a senhora de olhos azuis por detrás dos oclinhos de armação tartaruga e descobri uma alma triste e carente. eu vi a essência daquela senhora. e ela não teve a oportunidade de me enxergar e dizer o que via, ela desceu ônibus logo em seguida. eu perguntaria o que ela vê quando olha através dos meus olhos. eu ainda não me enxergo, mas permaneço na esperança de que terei essa falha corrigida em breve.

2009-08-22

deixa

me larga, me solta, me deixar ir ou então vem comigo. mas não me impede, não me tenta fazer ficar. não posso, não quero, não consigo. preciso, necessito, não vivo sem. me deixa, me deixa, me deixa. deixa eu tentar. deixa a minha esperança se esgotar até o fim enquanto eu junto os pedaços para reconstruir a maior parte do meu coração (que você quebrou). eu preciso disso. não vou suportar. eu não posso. eu só vejo a dança. eu vejo dança nas pessoas, nos sons, nas gotas de chuva. vejo balé nos fios da rede elétrica. cada som, cada acorde, cada tilintar no espaço: tudo é dança. me deixar acreditar que ainda posso. me deixa crer que o palco ainda é a minha casa, minha moradia, minha vida, meu abrigo. me deixa acreditar que quando eu estiver sozinha, quando eu quiser desistir de tudo, ainda poderei recorrer a dança. é a dança que me acalma. é dançando que organizo meus pensamentos e planejo atitudes futuras. é o que eu faço de melhor. não venha me dizer que não posso mais. por favor. minta. cure-me. não me faça mais sofrer. não aguento mais a dor.

escuta

está tudo tão bagunçado, não há nada que eu entenda nessa confusão. eu queria que soubessem o quanto foram importantes para mim mas não sei como. é difícil ter de magoar uma pessoa para ver o quão importante você é para ela, eu sei. mas é infinitamente mais difícil ver que o que foi provado, na realidade, não é bem o que você esperava. isso dói bastante e demora a cicatrizar. como um corte na mão, a cicatrização seria mais rápida se você não se metesse a besta e ficasse escrevendo com canetas de tubo áspero. quanto mais a caneta roça no corte, mais ele sangra. e é assim que eu me sentia. os curativos que eu colocava pareciam inúteis, não surtiam efeito. mas chega uma hora que você percebe que a causa inicial era uma que, agora, não existia mais. olha, eu continuei nutrindo esperanças de que o telefone tocaria por muito tempo. então resolvi ligar. acho que era isso que faltava. um curativo permanente, duradouro. certas feridas nunca chegam a cicatrizar completamente. mas a dor passa, com o tempo. eu sei que nada será como antes mas o que tiver de vir, será o melhor, tenho fé. afinal, eu não digo "eu te amo" a toa. amizade assim, nunca se perde.

sem máscaras

é assim que eu quero que você me veja: pura. minha consciência se abre ao encontro da sua e eu sei que elas se entendem então... porquê não podemos também nós? minha inocência será o refúgio dos seus pecados e eu te mostrarei a salvação, assim é, assim tem de ser, assim será. e eu te amo. vem para mim agora. enquanto não chega, sou só dor, lamúrias e espera. vem.

2009-08-19

os três mal amados.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

Me diz: QUAL É O TEU NOME?

you and i both

fico imaginando se existe de fato um "nós". é óbvio que não. é óbviamente doloroso que sou tão invisível ao ponto de você não ver que eu estremeço ao te ver. gosto de observar você de longe. gosto de sorrir com os seus sorrisos espontâneos e desviar o olhar quando você olha em minha direção. gosto de fingir que sou madura quando, na realidade, me sinto de novo como uma adolescente. é estranho porque eu não penso em você o tempo todo mas penso nos melhores momentos. gostaria de poder compartilhar alguma coisa com você. qualquer coisa. mesmo quenão valesse a pena.

2009-08-06

como pode ser

gostar de alguém e esse tal alguém, não ser seu?

para falar a verdade

acho que eu realmente não quero me apaixonar por você. nem pelo seu sorriso doce. nem pelas suas palavras suaves e leves, calmas, sutis. talvez eu não queira gostar de você e, só por não querer, eu já goste. espero que não dure. espero que se esvaia. prefiro permanecer na estiagem a ter que me apaixonar por você. tenho apenas dois motivos. o primeiro: você poderia me machucar. o segundo: eu poderia gostar da dor.

2009-08-01

das faltas atuais.

Ultimamente tenho andado muito distraída e comecei a me dar conta de diversas coisas imperceptíveis em dias normais de atenção. Mas isso é uma outra história, para outro dia. Outrossim, os últimos dias não foram normais. Passei pelos extremos diversas vezes, transitei por eles, fugi deles e me deparei com eles de novo. Estive feliz, alegre, animada, empolgada e, simultâneamente, entediada, cansada, exausta e estressada. Esses são apenas alguns, os que não relatei não são de menor importância. Ando em dias de indecisão e angústia. Talvez seja isso. Talvez seja realmente isso pois ao digitar essas palavras meus dedos parecem não querer parar e sinto como se tudo estivesse voltando a ser como era: nublado e chuvoso. É assim que deveria ser sempre mas nunca é. Tenho passado por dias de seca extrema. Meus sentimentos alagam os comodos da minha casa com uma água seca sem fim. Meus sentimentos escorrem pelo ralo. E não os alcanço mais. Eles são velozes e me escapam com propriedade. Isso é tão doloroso. Como ver um sonho tentar voar sem ter asas. Curioso. Não faz tanto tempo desde a última chuva. No entanto, a terra está seca.

2009-07-12

mesa posta, café quente.

eu perdi anotações na biblioteca imensa que é minha mente. mas o perdido sempre é encontrado. logo, descobri a gaveta onde anotei meus segredos e minhas omissões. percebo agora o quão perigoso é esconder-se de si mesmo. neste momento, em sã consciência, entendo o tamanho da tenebrosidade que é omitir-se, negar-se. é como dizer a uma flor que ela não e uma flor. é fazer a flor acreditar que não passa de uma capim sujo e comum. um capim bastardo, fruto de nada. ou, pior, dizer a flor que ela não existe. no inicio, a tendência é não acreditar, depois, cria-se uma ideia de que "isso tudo é um sonho, não pode ser realidade", então vem a compreensão dos fatos. absorve-se a mentira ou a não-verdade, como preferir. eu estive cega e cega permaneci. tratei minha visão com colírios e atualmente uso óculos mas minha alma está cega para sempre. para sempre. entende a profundidade? consegue sentir a pontualidade que tem o "para sempre"? essa é a exata dádiva mentirosa. o "para sempre" é uma farsa e não é. é uma contradição, uma falsidade. como o mogno podre das gavetas que encontrei. a madeira falsa, o fundo da gaveta, também. tudo segue uma linha de conjuntos, pares perfeitos. para o branco, o preto. para o céu, as nuvens. há uma combinação inenarrável em tudo. para a mentira, a negação. não havia nada ali que eu já não conhecesse (mesmo que inconscientemente) então, no intuito de fingir a surpresa (que idiotice, fingir surpresa dos próprios fatos), neguei saber do que se tratava. continuo negando. já esqueci o meu passado e os pesares e mágoas que costumava carregar, joguei todos em uma poço sem fundo. meu único receio agora é que "os esquecidos" tenham se agarrado a alguma corda oculta ou, simplesmente, a uma pedra na parede do poço e estejam se rastejando de volta, lentamente vindo ao meu encontro. a mesa do café está posta. espero não ser pega desprevenida.

06:39


Acordei cedo numa tentativa idiota de fazer o dia durar mais, nunca dura. Em todo caso, no auge da preguiça, permaneci em minha cama afirmando que o tempo dura exactamente o tempo que ele deve durar. Não existe tempo arrastado, concluí. Isso é coisa da cabeça de gente apaixonada por outra gente ou por outra coisa, sei lá. Já são seis-horas-e-trinta-e-nove-minutos, só não me pergunte os segundos pois meu celular não diz. Aliás, tenho que deixar essas manias, celular afinal, não diz coisa alguma. E a hora passa e o frio aumenta. Meus pés doendo. Curioso, tudo isso. Não sei, acho que vou pensar em alguma coisa ou em coisa alguma. Vou deixar a palavra entrar em mim de novo e tomar o lugar que é dela, vou deixar ela se instalar e fazer moradia nessa casa sem colchões. Me encolho sobre as cobertas não pelo frio. É a palavra vindo que me causa arrepios. Eu tenho receio do quê farei quando ela chegar, quase enlouqueci, quase não voltei do último brainstorm. O brainstorm é como uma chuva de verão. Terei de pensar nisso, esse pensamento já está pronto, evitá-lo será pior. O brainstorm é como uma chuva de verão. Num momento você para no meio da rua e olha para o céu, tentando vê-lo através dos edifícios-monstro. E lá estão o céu azul-calcinha. Ou azul chiclé de hortelã, você escolhe. De repente, tudo escurece e parece noite, eclipse, fim do mundo, cinema ou no quê a sua mente associar. Uma gota de água toca o seu rosto. Ah, esqueci de dizer que isso tudo acontece extremamente rápido. Não o tempo que passa rápido, os acontecimentos. Quando você se dá conta, já está encharcado. A chuva de verão inunda você. Não vou mais chamá-la de chuva e sim, de tempestade. A tempestade envolve você. Depois de molhado, ela te acompanhará por um longo tempo. É uma questão lógica: você toma chuva, você fica molhado, você pega gripe, a tempestade está viva em você. A gripe do brainstorm é isso. Isso que você lê. É neste exacto momento que meus dedos mal conseguem descansar, meus dedos doem, meus dedos faiscam. E minha mente parece que vai explodir, é muito, muito, muito. Tenho receio em não ser fiel a tudo que vejo pois o brainstorm também é isso: visão. E vejo tudo o que meus 2,5 graus de miopia não conseguem ver sós. Vejo toda a imensidão do mundo e das palavras, as coisas todas juntas e separadas que formam e desformam, transformam, modificam-se, criando o novo e o velho mais uma vez. É uma criação sem fim. Não há como parar. Ao sentir a primeira gota, você tem a impressão de que choverá o ano inteiro. Mas da mesma forma que ele vem, vai. Rápido. Fugaz. Chega a ser cruel pois você acaba de ver o mundo e, de repente, a luz se apaga, os óculos se partem, os olhos giram na órbita invisível e nada mais se vê. Permaneço em estado de graça, como um doente que acaba de saber que não mais o é. Como uma planta que descobre ser árvore. Como o universo que descobre ser infinito. Não há fim, não se sente o fim, o fim não é. Não sei explicar. Apenas acaba. Mas acabar parece diferente de fim. Parece apenas momentâneo. Sinto que, a qualquer momento, voltará a chover. Desejo estar preparada e ter em mãos papel, caneta, luz, alma e força para aguentar. Mas nunca se está. Nenhuma força é suficiente. Você apenas recebe, vê, sente. E logo, passa. Deve ser por isso que não carrego guarda chuva. A chuva se vai mas a palavra fica. Olho meu celular: 06:40.

2009-07-09

dificuldade explícita.

[...]
não sei me expressar por palavras faladas.
não sei conversar, dialogar, colocar em prantos limpos (tampouco, sujos).
não sei discutir relações e sempre dou duplos-sentidos não intencionais.
e pareço enganar mas não consigo enganar nem quem vos escreve (por sinal, eu mesma).
não sei gritar sentimentos, nem mesmo sussurrá-los.
é como diz a canção "eu queria poder dizer sem palavras".
o silêncio me acompanha.
apenas.
prefiro a palavra escrita.
ela, sim.
ela me encanta.
ainda permaneço aqui por isso.
por amor a palavra.
e permanecerei até que ela me falte (ou o contrário).
[...]







Sejam pacientes, o que há de melhor está por vir.
Meu livro está quase pronto, assim que eu puder, publico aqui outros trechos.
Beijos para os que visitam sempre e beijos especiais para os que comentam.

agora

é como ouvir o chamado e não saber como ir.

2009-06-08

correio, não. SELO!


Regras - passar pra 7 blogs e responder a seguinte questão "O que significa pra mim ser um homo sapiens?"
Resposta:
"Um infinito de possibilidades, uma página em branco com um lápis ao lado. Eu vejo o livro pronto. Eu vejo a capa cintilante entre meus dedos. Eu vejo as cores e os sons das palavras frescas e puras, inocentes, divinas. Sinto as palavras pairando ao meu redor. E tomo, uma a uma, colocando-as no livro. CRIA A ATIVIDADE. CRIATIVIDADE. E misturo tudo, sem sentido, com sentido, sem sentimento, SEN-TI-MENTO-S. Tudo bagunçado, tudo tudo tudo e... NADA. Exatamente isso. NA-DA. O homo sapiens não é o equilibrio, longe disso. O homo sapiens é a LOUCURA! (eu amo tanto ser louca, me deixa ser)"
_________________________________________________________________________*
Lista de blogs:
- Miss Surtada;
- Céu - Sem - Cor;
- Utopia;
- Anin House;
- No Cabaré Verde;
- And Plug In Baby;
- Dirty Human.
(gente, eu juro que morro de preguiça de colocar hiperlinks, mas eles lerão, tenho fé!!)
Obrigado Jackeliny Euzébio, pela indicação. Amey. ;)

Bloco de Notas

Não diga "eu sei que...", independente de quais sejam as palavras a seguir se você não souber REALMENTE o que é.
Não NEGUE ajuda, tampouco, APOIO. Alguns não tem NADA além disso.
Não puna as pessoas de forma alguma, quando quiser que elas saibam que cometeram alguma atitude errada, FALE.
Não prometa o quê você definitivamente NÃO PODE cumprir.
Não seja simpático, seja SINCERO.
Não finja sorrisos e perdão, MACHUQUE as pessoas se for preciso, mas machuque-as com HONESTIDADE.
Não permita que o SILÊNCIO se torne seu maior COMPANHEIRO.
Não seja INJUSTO. A injustiça fere mais do uma chuva de cacos de espelhos convexos.
Não PERDOE quando não for, de fato, CAPAZ de perdoar.
Não minta sentimentos. Você fingir as suas verdades inteiras e acontecimentos sobre a sua vida inteira, mas simplesmente não pode FINGIR o que é involuntário.
Não omita. Quando quiser falar, FALE.
Não fale o que não DEVE. Fale apenas o necessário e verdadeiro e...
Não esconda DETALHES importantes para os outros. Eles podem vir a ser importantes para VOCÊ.
Não seja PLÁSTICO, você tem capacidade de ser triste também.
Não acredite em chavões patéticos. Ainda É POSSÍVEL CRIAR.
Não deixe que o mundo seja você. Seja você o mundo.
Não deixe para pensar em você quando estiver perdido. Se você se encontra, pense em VOCÊ.
Não ESQUEÇA os outros. Datas de aniversário moram em calendários e certidões. Memória vive no CÉREBRO.
Não JULGUE. VOCÊ NÃO É DEUS.
Não peça perdão antes de se ARREPENDER. A culpa primeiro, o perdão DEPOIS.
Não deixe o AGORA para DEPOIS. Agora é agora.
Não viva em uma agenda, laptop, calendário, blackberry, iPhone, ou o quê seja. VIVA NO PRESENTE.
Não se lamente, MUDE.
Não tente mudar mais ou menos. É quente ou frio. Ou MUDOU ou permanece INALTERADO.
E por fim...
AS PESSOAS QUE VOCÊ MAIS PREZA SÃO AS QUE VOCÊ MAIS MAGOA. E ELAS PARTEM CEDO. MAGOE-AS MENOS E, TALVEZ, ELAS PERMANEÇAM MAIS.
___________________________________________________________________*
Eu mesma que fiz, por favor, não copie. *-*
É possível que eu poste mais, tenho estado melancólica, talvez eu tenha nascido para a melancolia... Deveras.
Beijos para os que comentam e para os que lêem.
Beijos especiais para os autores de Mastonde, Andando Nu, Cabaré Verde, And plug in baby e Céu-Sem-Cor.

2009-05-20

eu

nasci para ser só. e ninguém consegue me tirar dessa solidão. não sei mas ser. não ser mais estar. não sei mais viver.

permanece a dor, dor, DOR!

2009-05-10

ainda.

[...]
ainda que o tempo espere e que as folhas murchem e que Romeo pare sua serenata de desafio aos Capuleto. ainda que a lágrima suba a face cansada ao invés de escorrer em direção a boca envelhecida e contraída, ainda que as mãos se renovem, ainda que o creme anti-idade funcione, ainda. ainda que a televisão desligue e as cores se apaguem, ainda que as músicas no rádio se calem, ainda que o mundo se torne silêncio e degradês de cinza, ainda que o cinza seja quase preto ou quase branco, ainda que quase nada. ainda que o chá esfrie e perca o sabor, ainda que as canções cessem para sempre. ainda que o abraço dure milhões de centésimos de segundo, ainda que centésimos de segundo sejam o mesmo que um ano inteiro ou a eternidade ou ainda o infinito público, ou particular, de outro ainda.
[...] e se o trem espera, ainda há espera mas ele voltará ao seu curso e o ainda se findará. e se a torneira se fecha e a água não mais sai, ainda há a chance de uma mão abrir de súbito a torneira espantada. e o ainda se fecha no escuro de olhos que ainda guardam esperança. o ainda se mantém em mentes vazias em desespero de um amor impossível ou até possível. e se a possibilidade existe, ainda há a falha, ainda existem os erros, ainda há o pecado. e se todo ainda tem uma resposta em eco na imensidão, qual será a resposta do grito surdo: AINDA?(!)

2009-03-19

"- anjo,

na boa, como amigo, acho que você precisa de terapia."

"você é diferente"

o que é, exatamente, ser diferente?
me diz!
pelo amor de Deus, me diz o que há de errado comigo?
eu não ouço nada, nenhuma resposta, nada, nada, nada.
só silêncio...

2009-03-18

necessidade

eu não preciso do seu carinho fútil, das suas palavras pobres em significados ou da sua mão ousada e vulgar. eu não preciso de nada em você. alias, tenho a sorte de não precisar de ninguém. não vou te dar um apelido carinhoso só porque você pediu. eu não sou a fada dos dentes, tampouco, papai noel. então vê se para de me ligar insistentemente, religiosamente, como se eu não tivesse o quê fazer. eu preciso de ajuda, sim. eu preciso desabafar, também. mas pode ter certeza que eu sei bem com quem fazer isso. e você não está nessa listinha de pessoas, honey. QUAL É O SEU PROBLEMA? não vê que eu não dou a miníma para você? para de se arrastar, tem um monte de garotas que dariam qualquer coisa pela sua atenção. mas eu, não! entenda que eu não preciso de um namorado, preciso de calmantes e um pouco de vodka. só.

o fim.

agora, silência a boca dos beijos meus. pára de beijar a alma de quem te observa e apenas observa, atentamente, os sinais. são calmos e sutis. uma cortina aberta para o sol pálido, lá fora. não se desespere, você saberá quando for a hora e estacionará à margem do relógio. não se assuste com o tique-taquear contínuo e insistente, lhe prometo quebrar a hora. lhe prometo, também, ficar ao seu lado quando nossas vidas passarem velozes e se o desejo nos impedir de esperar, eu o esmagarei como a uma maçã podre. se o destino tentar o mesmo, apagarei sua marca de sangue, suor e vodka no papel de seda e esqueceremos do que, um dia, existiu neste espaço, tempo, universo, pedaço, centelha de nada. seus olhos não verão sem seus óculos de tartaruga. seu estilo arrojado, sua elegância natural, não mais te servirão. aprecia agora o fim. está tão próximo que quase pode tocá-lo. encosta teu dedo nele e vê: água e vinho, vinagre puríssimo, escorrer pela pele áspera e sem cor. enxuga tuas lágrimas de cobra, seus olhos cegos sem luz, suas pálpebras invisíveis. o lenço cairá. estarás partido em dois. metade eu, metade você. um metade tem coração, a outra, vazia, aguarda o transplante. um só coração que bate por dois corpos. não há compatíveis. não te aproximas agora, vais estragar o grande final. há um pendulo belo diante da sua fronte. não o toque, pode quebrá-lo. olha apenas, sem desejá-lo, sem tocá-lo, sem ferí-lo. é um parasita. um sangue-suga que apenas o sangue, não suga. mas suga tua alma e te enche de horror. beba na minha boca o elixir que te matará. não há amor aqui para ti. apenas vazio, páginas viradas em branco, livrarias sem palavras. é o que te resta: nada. e o que és também isso: nada.

um aprendizado

eu não quero aprender, não tente me obrigar. eu tenho o direto de permanecer na ignorância pois o aprendizado dói e é uma dor sofrível, impassível de opção. aprender rápido dói. quero ter a graça de escolher o quê aprenderei. é difícil para mim. não quero aprender o que não me servirá para o bem. quero ter a leveza dos tolos, felizes estes. nunca saberão o que há de cruel no mundo lá fora.

2009-03-13

agora sei:

a única coisa que me espera é, justamente, o inesperado.

fuga.

solta minhas mãos com frieza, diz que voltará quando 'organizar as idéias'. só você não vê que o vão que faz em suas mãos é só por que você não está comigo... então, diz. mente. mente para esses olhos vermelhos que choram a sua partida. sejas sincero na mentira. não me machuca, você sabe o quanto dói. te dizer adeus. te ver atravessar o portão de embarque. te ver olhar para mim com saudade. saudade fria. e o meu corpo quente, meus olhos molhados, minhas mão tremulas, tudo em mim sente sua falta. enquanto esse avião sobe, minha pressão cai. talvez eu desmaie, talvez eu fuja, talvez eu corra atras desse avião. talvez eu deva me atirar debaixo dele. mas você não vem. e eu não preciso pedir, você sabe que é o meu motivo. minha razão. não faço mais nada correto, mais nada direito, nada, nada, nada. não foge, fica. acordo cedo e ponho meus pés mornos no chão. pego o roupão e me lembro de você. caminho até o banheiro e pego a escova e a pasta de dente. o gosto de menta da sua boca. colgate. sinto sua falta. tomo o meu banho enlouquecida por uma falta de presença. a sua presença. o meu presente, você. as letras do seu nome flutuam no espaço da sala de jantar. eu quero pegá-las. eu quero você. géleia de damasco é a sua favorita. volta. suco de morango com maracujá te refresca no calor. vem, volta para mim. sua mão que sempre sabia onde encontrar a minha. onde eu encontro você. eu preciso de paz. antes o inferno do amor somado a paz de te ter aqui. não suporto mais essa falta.
quem mandou me fazer te amar?

2009-03-12

A lucidez perigosa.

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

2009-03-11

meme

10 DADOS
seu nome: Rafaella, mas me chame de Raah.
quantos anos você tem? 100-20+50/2-60+13
está feliz hoje? depende de em qual sentido e de para quem... relativo.
a sua nacionalidade: brasileira.
tem origens estrangeiras? holandesa (acredite se quiser), portuguesa e italiana.
seus pais ainda estão casados? não, thanks God!
como é sua vida familiar? razoável.
com quem você mora? mãe e irmã do meio 1 (tenho dois irmãos do meio, Ste e Gui).
você dorme sozinha? não, durmo com coberta e travesseiro de mostrinho.
tem animais de estimação? sim, Ted (Terror das Empregadas Domésticas) que é um poddle fofoletchy e Jacob, labrador fofucho di mamae. *-*

10 FAVORITOS
programa de TV: GG, The Hills, temporadas 1 e 2 de The OC, Gilmore Girls... muitos, não dá para listar.
cor: preto, branco e vermelho (não sou são paulina nem curto muito white stripes).
música: o cd The Four Seasons, do Vivaldi, é do tipo "bom para todos os momentos".
instrumento: piano, mas nem toco... e baixo *-*.
estação do ano: inverno, ever.
curso: línguas, atoron aprender linguas novas.
filme: drama. não dá para listar, são muiiiiitos.
lugar: Amsterdam, Berlin e interior da França. (não, eu não gosto e nem quero conhecer Paris, hmpf!)
número: 8 e 7 e 11 e 3...

10 FATOS
cor do cabelo: preto.
cor do carro: preto ou grafite.
cor dos olhos: mel.
signo: virgem. o_o
tamanho do anel: 14 ou 13(existe 13?)
destro ou canhoto? destro.
está disponível? sim! (pode vir, nenem)

10 COISAS SOBRE A SUA VIDA
você acredita no amor? não sei se ainda acredito.
já teve seu coração partido? sim.
você já partiu o coração de alguém? essa é a resposta para "qual é a atividade mais frequente do seu dia-a-dia?". sim.
já se apaixonou pelo(a) seu/sua melhor amigo(a)? sim.
já teve um admirador secreto? se eu soubesse, não seria secreto. dãrr.
já roubou alguma coisa de uma loja? não. sou meliante mas não tanto!
já experimentou maconha ou outra droga? eca, não!

10 CONFISSÕES
alguma vez espiou alguém pela fechadura? sim. O_O''
você já fez algo de que se arrepende até hoje? sim! :(
você já pulou de bungee jump? antes de morrer ainda faço isso.
você já amou tanto alguém que chegou a doer? já senti uns calafrios, vale?!
alguma vez você já pensou em matar alguém? aham, mas só de brinks. USHFUSDHUFS
já ficou com alguém do mesmo sexo? sim.
você já beijou alguém na chuva? já e foi tãããããão bom. *-*
você já quebrou um braço? já, se pá umas 4 vezes.
já nadou pelado? não, antes de morrer faço isso também.

10 ESCOLHAS
amor ou sexo? amor é prosa, sexo é poesia. [desconversa...]
beijos ou abraços? os dois.
cerveja ou champagne? champagne, rulez.
noite ou dia? noite.
namorar ou ficar? primeiro ficar e depois, namorar.
tv ou internet? internet, óbvio.
coca-cola ou pepsi? pepsi twist com muuuuito limão, \o/
dinheiro ou felicidade? um pouco de cada ALDLDLLAÇAÇAÇSÇS''.
pessoalmente ou por telefone? pessoalmente.

Amaldiçoados:

Quem quiser, responde. Se responder, me avisa ;)

50a postagem do blog ;)

Obrigada por me aturarem quase que todos os dias, religiosamente, enchendo os pacovás de vocês.

E bora encher mais um pouquinho...

2009-03-04

bulletprof cupid

Everything's forgotten
Everything's so rotten
Why don't you release me?
Why don't you just tease me?

I don't think I need you anymore
I don't think I need another whore
I just feel like you should wait
Time will tell before it's too late
When all is said and done you
Just ain't no fun to be with
You're my bulletproof cupid
You're my little stupid
You're my fluctuated
You're my inspector gadget
You're my new toy to play with
You're my toy boy to be with
You're my bulletproof cupid
Just a little too stupid
Everything is taken
Everything's awakened
Why don't you reject me?
Why don't you just infect me?
I don't think I want this anymore
I don't think I want another whore
I just feel like we should wait
Time unfolds then it's too late
When all is said and done you
Can't be the one to run with
You're my bulletproof cupid
You're my little stupid
You're my incarcerated
You're my fortune faded
You're my new tool to play with
You're my new fool to be with
You're my bulletproof cupid
Still that little bit stupid

(momento guei do dia - parte 2)

eu te amo muito, Brian.
é como se ele cantasse para mim *-*

you are (not) the one.

Never thought you'd make me perspire
Never thought I'd do you the same
Never thought I'd fill with desire
Never thought I'd feel so ashamed
Me and the Dragon
Can chase all the pain away
So before I end my day
Remember
My sweet prince
You are the one
My sweet prince
You are the one
Never thought I'd have to retire
Never thought I have to abstain
Never thought all this could backfire
Close up the hole in my vain
Me and my valuable friend
Can fix all the pain away?
So before I end my day
Remember
My sweet prince
You are the one
My sweet prince
You are the one
You are the one x4
Never thought I'd get any higher
Never thought you'd fuck with my brain
Never thought all this could expire
Never thought you'd go break the chain
Me and you baby
Used to flush all the pain away
So before I end my day
Remember
My sweet prince
You are the one
My sweet prince
You are the one
You are the one (repeat god knows how many times)
My sweet prince
My sweet prince

(momento guei do dia)

eu te amo, Brian.

2009-02-20

faminta.

eu estava ali, com a faca e o queijo na mão. cortei o queijo. parecia apetitoso. mas eu não estava com fome. e você ali, parado na minha frente com vontade de experimentar também enquanto eu só partia o queijo e olhava. é um inferno, isso. você cheio de vontade e eu ali, negando. e agora, quem ficou na vontade? eu, logicamente. vou esperar a próxima oportunidade de provar esse queijo. isso é, se houver uma nova oportunidade.

katamina:

doce e irreal tranquilidade provocada pela mistura com absinto ou vodka (ou os dois).
quer?
bebe aqui, em mim.

2009-02-16

norte e sul.

somos opostos. rimamos no poema mas não no amor. sou urgente e você, paciente. não sei esperar. se quiser, vem agora, sem demora. não tenho todo o tempo do mundo para você, pólo negativo.

a escolha foi sua.

foi você que escolheu seguir o caminho oposto ao meu. eu nunca te enganei. nunca menti. nunca, sequer, omiti algo de você. e fui clara dizendo o quê eu queria, o quê eu esperava. não quero cobranças, nós não temos nada. só que você gosta de complicar as coisas. e depois vem me dizer que a complicada sou eu. a diferença entre nós é bem clara: você espera que eu seja submissa e eu não espero nada de você. exatamente por saber que você não tem nada a me oferecer. a que ponto chegamos? você quer discutir relação comigo e nem temos uma relação. veja bem, eu tenho dezoito anos e você, vinte e seis, sou mais madura que você em diversos aspectos. cansei de ficar esperando, dando dicas do que eu quero. você só fala, fazer que é bom, nada! cansei das suas falsas promessas e nem podemos julgar isso uma desilusão porque, para início de conversa, nem me iludir você foi capaz. para de me encher, ok? só escrevi para não ter que ouvir suas reclamações, meu ouvido não é descarga. cansei de você. fikdik.

2009-02-13

menina mimada.

foi você que quis ir embora
agora volta arrependida e chora
olhar pedindo esmola
baby, eu conheço sua escola
quem sabe eu faço um blues em tua homenagem
eu vou rimar tanta bobagem
você é tão fácil, menina mimada...
de enfeites, brochinhos e queixas
queixas, queixas, queixas...
foi você mesma quem quis...
foi você que quis ir embora
agora toca a campainha e cora
diz que esqueceu a sacola
baby, eu conheço tua história
o cara já está buzinando lá embaixo
fazendo papel de palhaço
cheio de flores, promessas
menina mimada, você é um fracasso!
cigarros?
leva o maço
foi você mesma quem quis...

non, je ne regrette rien.

ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est égal.

2009-02-11

calmantes

não surtem mais efeitos em mim. nem o lex, meu amigo íntimo que tem percorrido este caminho tortuoso por dezoito anos.

Deus,

não permita que eu me perca na ansia de me encontrar.

2009-02-10

há algo em mim.

há algo em mim tentando sair. não o identifiquei ainda mas, ás vezes, não sei se esse algo me é ou se eu o sou. tenho a suave impressão de que pode se tornar mais forte se não lhe for permitida a saída. há algo em mim e esse algo me é feroz. me arranca, me machuca, me prende.
[...]
uma dor estranha e não identificável, uma dor que não pausa, não descança, não pára. me pergunto, no vazio, se há a certeza da dor. também não afirmo que dói em verdade pois não sou médica e não sou dada a autodiagnósticos. limito-me a dizer que há algo em mim e esse algo tenta o impossível: libertar-se de uma não libertada.
[...]
desista, não há maneira.

um só coração

batendo por dois corpos.

trecho do filme que eu tenho procurado mas nunca encontrado.

ainda há tempo.

ainda há amor.

2009-02-09

domingo à noite.

- detalhe: 32 anos é quase o dobro da sua idade.
- ele tem alegrado os meus dias infelizes.
- ele tem aliviado os seus dias infelizes.
- não é bem assim.
- é sim. veja bem, se você nem gosta dele, para quê se envolver?
- não tem nada. ele não corre o risco de se machucar.
- ah é? e por que?
- porque ele tem trinta-e-dois-anos...
- e você acha que isso o isenta de dor e sentimentos?
- mas eu tenho dez-oito! ele não se apaixonaria por uma garota de dez-oito-anos-de-idade!
- você tem que parar com isso. ainda vai se arrepender muito.
- o quê?
- você tem que parar com essa mania de querer prever as pessoas. isso não tem dado certo, deixe as coisas acontecerem ao seu devido tempo.
- eu não sei ser assim... desculpe.
- desculpo nada!
- ...
- vem cá...
- que foi?
- dorme aqui comigo hoje?
- tá...
- tá?
- mas só se você me deixar dormir com aquela coberta vermelha.
- é claro que eu deixo, idiota. eu te amo, esqueceu?
- ahh...
- o quê foi agora?
- eu queria te amar também...
- não esquenta a cabeça com isso... não importa. o importante é você estar comigo, aqui e agora.
- eu estou com você, aqui e agora. mas não vai durar para sempre, você sabe.
- é, eu sei. mas não quero saber disso. eu quero saber só da sua boca calada na minha, só isso. o resto não importa. o agora é a melhor parte.

2009-02-06

descoberta.

depressão bipolar.

este é o belo nome da minha doença.

MINHA DOENÇA, OUVIU?

MINHA!
há algo em mim que está acabando comigo.

falta.

acho engraçada a forma como as pessoas fingem e mentem a realidade em que vivem, tentando disfarçar algo com o belo. acredite, o belo pode não ser (sempre) a melhor escolha. talvez seja mais fácil a rendição, a desistência, assim economiza-se tempo e a tendência é que você passe a acreditar mais no que é e, inevitávelmente, tenha nojo de si próprio. os meus pecados estão me perseguindo, presos aos meus pés. eles sussuram abominações em meus ouvidos e tenho tido pensamentos depressivos, não sou assim. mas talvez eu seja, mas disfarce bem. sei que hoje, exatamente, hoje, seis de fevereiro de dois-mil-e-nove, eu tenho vontade de desaparecer nesse céu azul sem estrelas. é um estado tão grave que creio que me perderei antes mesmo de saber o quê me acomete. estou doente, veja bem, e o nome da doença é falta. não há sangue, não há palavras, não há sentimentos, não há nem dor. eu gostaria que sentir alguma dor para me sentir, ao menos, viva. durmo e acordo cansada, pior do que antes de me deitar. alimento-me sem apetite, mas tenho fome. é um musical épico, dramaticamente colossal. minha cabeça está pesada, pensamentos, entrando e saindo, não consigo me agarrar à nenhum. tive um pesadelo horrível essa noite. acho que estou nele ou ele está em mim, ainda. eu preciso melhorar logo. não consigo ser assim tão triste.

estou me esfacelando, aos poucos.

where's my therapist?

falta.

estou cansada desse estado de falta. é uma falta extrema e eu nem sei identificá-la. falta loucura ao mundo, não suporto mais essa estranha lucidez. ela me incomoda, me aflinge, me toca, me impede de ser. e fico ai, pairando. sem loucura não vivemos o mundo, ele é que nos vive. sanidade é rotina. sanidade é padrão. várias bocas me beijam e poucas me fazem desejar. várias mãos me tocam e quase nenhuma me é perceptível. a garoa não me convém, prefiro tempestades violentas. a brisa fresca da manhã não emociona, apenas os tornados o fazem. falta surpresa e tempo para elas. falta sofrimento para que se perceba a falta de amor. gostaria de estar plena de tudo, mesmo sem ter nem pertencer a nada. e não, não tenho estado satisfeita. tenho me sentido levemente louca, doida, abirutada.

2009-02-05

it's your age, it's my rage.

- Ele tem o dobro da sua idade!
- E daí?
- Ele nem faz o seu tipo!!
- E daí??
- Ele é seu...
- Cala a boca! Alguém pode te ouvir.

my age, is it your rage?

trezentos e sessenta e cinco dias no ano

e um só sentimento: o da angústia de te esperar.

vem logo, estarei no aeroporto com aquele vestido bordô que você tanto gosta.

2009-02-03

que medo alegre, o de te esperar.

perder-se também é caminho.

- Eu não te amo, entenda. Não posso amar você. Não consigo.
- É, eu sei.
- Se sabe, porque me pede para ficar?
- Porque eu quero te ajudar.
- Mas eu sou feliz assim...
- Não, você não é.
- ...
- Você é apenas uma linda garota com um coração vazio.
- Você está me magoando.
- Eu sei.
- Me deixa ir.
- Me deixa te ajudar. Me deixa te ensinar...
- Não. Não quero.
- ?
- Amar dói e encontrar o amor, dói mais ainda.
- Entendo...
- Se perder também é caminho.

2009-01-28

um peito oco, sem inspiração.

sabe, esta é a milésima vez que digito coisas idiotas e apago.
acho que falar sobre nada é tão interessante.
então falemos sobre o nada.
melhor do que falar sobre o amor, a dor, a pancada.
melhor do que falar sobre filosofias baratas ou caras.
melhor do que qualquer coisa que distraia qualquer um por um segundo sequer.
brindemos a falta de assunto, a falta de apetite, a falta de amizade.
comemoremos aniversários passados, datas esquecíveis e pontos facultativos.
façamos nada e deixemos que o nada nos invada por inteiro.
vivamos o nada.
amemos o nada.
logo, seremos nada.