2009-08-22

deixa

me larga, me solta, me deixar ir ou então vem comigo. mas não me impede, não me tenta fazer ficar. não posso, não quero, não consigo. preciso, necessito, não vivo sem. me deixa, me deixa, me deixa. deixa eu tentar. deixa a minha esperança se esgotar até o fim enquanto eu junto os pedaços para reconstruir a maior parte do meu coração (que você quebrou). eu preciso disso. não vou suportar. eu não posso. eu só vejo a dança. eu vejo dança nas pessoas, nos sons, nas gotas de chuva. vejo balé nos fios da rede elétrica. cada som, cada acorde, cada tilintar no espaço: tudo é dança. me deixar acreditar que ainda posso. me deixa crer que o palco ainda é a minha casa, minha moradia, minha vida, meu abrigo. me deixa acreditar que quando eu estiver sozinha, quando eu quiser desistir de tudo, ainda poderei recorrer a dança. é a dança que me acalma. é dançando que organizo meus pensamentos e planejo atitudes futuras. é o que eu faço de melhor. não venha me dizer que não posso mais. por favor. minta. cure-me. não me faça mais sofrer. não aguento mais a dor.

escuta

está tudo tão bagunçado, não há nada que eu entenda nessa confusão. eu queria que soubessem o quanto foram importantes para mim mas não sei como. é difícil ter de magoar uma pessoa para ver o quão importante você é para ela, eu sei. mas é infinitamente mais difícil ver que o que foi provado, na realidade, não é bem o que você esperava. isso dói bastante e demora a cicatrizar. como um corte na mão, a cicatrização seria mais rápida se você não se metesse a besta e ficasse escrevendo com canetas de tubo áspero. quanto mais a caneta roça no corte, mais ele sangra. e é assim que eu me sentia. os curativos que eu colocava pareciam inúteis, não surtiam efeito. mas chega uma hora que você percebe que a causa inicial era uma que, agora, não existia mais. olha, eu continuei nutrindo esperanças de que o telefone tocaria por muito tempo. então resolvi ligar. acho que era isso que faltava. um curativo permanente, duradouro. certas feridas nunca chegam a cicatrizar completamente. mas a dor passa, com o tempo. eu sei que nada será como antes mas o que tiver de vir, será o melhor, tenho fé. afinal, eu não digo "eu te amo" a toa. amizade assim, nunca se perde.

sem máscaras

é assim que eu quero que você me veja: pura. minha consciência se abre ao encontro da sua e eu sei que elas se entendem então... porquê não podemos também nós? minha inocência será o refúgio dos seus pecados e eu te mostrarei a salvação, assim é, assim tem de ser, assim será. e eu te amo. vem para mim agora. enquanto não chega, sou só dor, lamúrias e espera. vem.

2009-08-19

os três mal amados.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

Me diz: QUAL É O TEU NOME?

you and i both

fico imaginando se existe de fato um "nós". é óbvio que não. é óbviamente doloroso que sou tão invisível ao ponto de você não ver que eu estremeço ao te ver. gosto de observar você de longe. gosto de sorrir com os seus sorrisos espontâneos e desviar o olhar quando você olha em minha direção. gosto de fingir que sou madura quando, na realidade, me sinto de novo como uma adolescente. é estranho porque eu não penso em você o tempo todo mas penso nos melhores momentos. gostaria de poder compartilhar alguma coisa com você. qualquer coisa. mesmo quenão valesse a pena.

2009-08-06

como pode ser

gostar de alguém e esse tal alguém, não ser seu?

para falar a verdade

acho que eu realmente não quero me apaixonar por você. nem pelo seu sorriso doce. nem pelas suas palavras suaves e leves, calmas, sutis. talvez eu não queira gostar de você e, só por não querer, eu já goste. espero que não dure. espero que se esvaia. prefiro permanecer na estiagem a ter que me apaixonar por você. tenho apenas dois motivos. o primeiro: você poderia me machucar. o segundo: eu poderia gostar da dor.

2009-08-01

das faltas atuais.

Ultimamente tenho andado muito distraída e comecei a me dar conta de diversas coisas imperceptíveis em dias normais de atenção. Mas isso é uma outra história, para outro dia. Outrossim, os últimos dias não foram normais. Passei pelos extremos diversas vezes, transitei por eles, fugi deles e me deparei com eles de novo. Estive feliz, alegre, animada, empolgada e, simultâneamente, entediada, cansada, exausta e estressada. Esses são apenas alguns, os que não relatei não são de menor importância. Ando em dias de indecisão e angústia. Talvez seja isso. Talvez seja realmente isso pois ao digitar essas palavras meus dedos parecem não querer parar e sinto como se tudo estivesse voltando a ser como era: nublado e chuvoso. É assim que deveria ser sempre mas nunca é. Tenho passado por dias de seca extrema. Meus sentimentos alagam os comodos da minha casa com uma água seca sem fim. Meus sentimentos escorrem pelo ralo. E não os alcanço mais. Eles são velozes e me escapam com propriedade. Isso é tão doloroso. Como ver um sonho tentar voar sem ter asas. Curioso. Não faz tanto tempo desde a última chuva. No entanto, a terra está seca.