2012-12-12

warning about being in love.

Have you ever been in love? Horrible isn’t it? It makes you so vulnerable. It opens your chest and it opens up your heart and it means that someone can get inside you and mess you up. You build up all these defenses, you build up a whole suit of armor, so that nothing can hurt you, then one stupid person, no different from any other stupid person, wanders into your stupid life… You give them a piece of you. They didn’t ask for it. They did something dumb one day, like kiss you or smile at you, and then your life isn’t your own anymore. Love takes hostages. It gets inside you. It eats you out and leaves you crying in the darkness, so simple a phrase like ‘maybe we should be just friends’ turns into a glass splinter working its way into your heart. It hurts. Not just in the imagination. Not just in the mind. It’s a soul-hurt, a real gets-inside-you-and-rips-you-apart pain. I hate love.
Neil Gaiman

2012-12-04

. não me diga adeus

Se tenho uma certeza agora, é de que o amor é cruel. Eu te vi uma última vez e todo aquele sentimento infinito que considerei findado, voltou. Meu coração se transformou num tambor e minhas mãos tremiam sem controle, suei tanto que tive de ligar o maldito ar-condicionado. Me odiei por instantes, só por ter aceitado sua ligação. Me odiei por uma hora ou duas, só por ter chorado um bocado, até enfim adormecer na paz do esquecimento. Me odeio até agora, por ter me odiado tanto assim. Não fez diferença alguma, fez? Não mudamos os nossos destinos, não é mesmo? Eu não mudei minhas escolhas, e nem vou. Mas você me olhava ali, através da tela do computador, como se ainda fosse cedo. Mesmo sabendo que era tarde, mesmo sabendo da minha escolha consciente, inconscientemente você me dizia: “ainda é cedo, fica”. Ainda é cedo para quem não sofreu a ausência no inverno de São Paulo. Ainda é cedo para quem não ouviu o mundo questionar suas lágrimas de saudade. Ainda é cedo para quem não se sentiu incompreendida, sozinha, desamparada e partida. Mas já é tarde para quem escolheu ir. Então, se eu ainda posso te fazer um pedido, enquanto você continua repetindo que “nada mudou”, peço que não me diga adeus. Sei que a conversa foi até razoável, morna, rasa, suscetível ao justificável descaso da minha parte, mas, ainda assim, havia carinho em nossas palavras. Esperança nas suas, um leve amargor nas minhas. Sei que te espantou a minha súbita falta de interesse na sua vida, é que você – de repente – não faz mais parte da minha. Muito embora eu tenha me alegrado demais com suas novidades recentes, ali, no momento em que você me lembrou do sonho que compartilhamos, eu já não lembrava o sentimento que me fez acreditar que aquilo era possível. Eu já não lembrava como tinha sido bom, sonhar com você. Eu já não me lembrava de nada sobre o que era sofrer esse amor cafajeste, esse amor sem chances de vitória, esse amor cruel e malvado, que tanto fodeu e machucou e dilacerou minha vida nos últimos quatro meses. Eu já não lembrava porque fiz curativos nessas feridas. Eu já não lembrava porque outros “alguéns” estão cuidando de mim agora. Então eu reli todas as cartas que te escrevi e as que você me escreveu de volta, abri aquela caixa que escondi no fundo do peito, revirei o poço escuro e assombrado onde mantive nossas lembranças guardadas para não me machucar mais, para não me afogar de novo. E, finalmente, depois de ter visto tudo, relembrado tudo, as lágrimas perderam o sentido. E não havia mais nada a te dizer, nada a compartilhar como antes. Eu ainda recordo do que foi bom, eu juro, mas sabe quando você olha um álbum de infância e relembra de como era bom andar de patins no parque e estatelar os joelhos no asfalto? Sabe quando, nesse mesmo álbum, você revê todas aquelas pessoas que você jurou amizade eterna mas não reencontra há anos? Sabe quando você se lembra de como era gostoso dormir até tarde, assistir filmes aleatórios na tevê e comer uma lata inteira de leite condensado? Então, tudo isso é deliciosamente bom e nostálgico, até um pouco melancólico, dependendo de como você encara as lembranças, mas é só. Provavelmente você não vai fazer de novo nada dessas coisas. E se fizer, será em outro cenário, outros personagens, criando outras histórias. Porque você sabe que é bom, mas o tempo disso ficou para trás. É mais gostoso lembrar, do que reviver isso tudo. Então não me diga adeus.  Eu já tinha guardado tudo, lembra? Eu te avisei. Você insistiu e veio me falar de coisas que eu já nem lembro mais o significado associado ao seu nome. Amor, dor, porquês, carinho, sentimento e saudade. Saudade, você veio me falar de saudade. Quando o tempo acabou, você veio me falar de saudades. E eu achei tudo lindo e lúgubre, confesso. Até um bocado bucólico, se assim posso dizer. Mas agora eu só tenho a mim mesma, e eu que decidi pela partida, então me deixe, não me ligue mais, não quero que essa caixa volte a ocupar minha prateleira agora vazia. Essa saudade vai ser boa, mas de longe. Me deixe ir. Me deixe manter minha sanidade enquanto ainda posso. Não me machuque mais, tenha compaixão em nome do que vivemos. Faça como eu fiz: não me diga adeus, apenas vá.

2012-11-28

cette seconde


Vamos fazer um ménage a trois: eu, você e nosso amor.
E nos jogar na piscina, no mar, na cama, na rede.
Onde for.
Durante, depois, agora...
A qualquer momento.
Vamos gritar do alto de uma montanha,
da janela do carro, no quarto fechado.
Caminhemos além.
Caminhemos pelas trilhas nunca percorridas por nossos pés antes,
caminhemos no escuro, sob o luar, sob o olhar de Deus, nus.
E seremos dois, sendo um.
E seremos paz, sendo fúria.
E seremos amor, em unicidade.
Vamos nos dar as mãos e nos roubar do mundo.
Me sequestre, me tome, me leve.
Me pegue no trabalho, me pegue no colo, me pegue pela cintura.
Me chame de amor.
Me chame de sua, de linda, do que for.
Mas me chame.
Abra os seus olhos para mim.
E para o nosso futuro,
Para  nossas caixas espalhadas pela casa,
Para nossas fotos coladas na parede,
Para nossos bolos assando no forno.
Me deixa ficar.
Me deixa deitar no seu peito,
Fazer do seu cheiro o meu perfume,
Me alimentar de você.
Não me manda embora, eu vou me comportar.
Obstrua as saídas do seu peito; eu vou querer ficar.
.
.
.
.
[ texto escrito em 2010 e postado somente agora. encontrei ele num caderno qualquer perdido em casa e resolvi postar, mesmo sem ter gostado dele. ainda assim, espero que gostem :) ]

2012-11-27

mel-issa

existe uma menina, desenhada à mão por Deus, com olhos de jabuticaba doce e graúda e lábios pintados com aquarela. tem nome de flor, tem nome de doce, seu nome é Melissa é ela é puro encantamento. dotada de pernas invencíveis, dança de bossa-nova a rock 'n roll, tem um balanço que encanta muito rapaz por aí e - veja lá! - nem é carioca, para a surpresa de Tom. mas tem uma ginga, um molejo, uma graça... sai saracoteando por aí com seus cabelos negros de Iracema, fazendo caras e bocas, jogando charme, dando uma olhadela pelo canto do olho, seduzindo geral. "Só podia ser brasileira" - Deus me disse um dia desses. e é. é uma lutadora. uma corajosa. uma mulher forte, de garra e músculos, sem barreiras. já encontrou pedras de todos tamanhos no caminho, mas para isso ela sempre carrega ferramentas e força e vontade para escalá-las, furá-las ou que for preciso para tirá-las de lá. e, apesar de ser esse mulherão todo, é uma romântica. já viu todos os filmes de cortar os pulsos que você pode imaginar e sonha com um amor assim pra ela, mas também tem o pé no chão. pé no chão e um sorriso mágico, uma beleza simples e natural. não precisa de artifícios para estar no seu melhor. aliás, "melhor" é uma palavra que a acompanha. ela tem esse talento de trazer o melhor das pessoas à tona, experiência própria, pode acreditar. tem uma lista imensa de desejos e sonhos, sonha grande, sonha alto lá no céu. e corre atrás. não fica esperando a sorte bater a porta; Melissa faz por onde. Melissa faz dar certo. Melissa faz acontecer. Melissa corre o mundo atrás de seus sonhos. já pisou no velho continente e fez geral se embasbacar. não tem como não gostar dela, linda que é. não tem como não querer ficar com ela, pureza e simpatia que transborda. e, como se ainda não bastasse, é a amiga que qualquer um sempre quis ter (e, se não tem, é porque não fez por merecer!). é parceira, sensível, conselheira. é minha amiga, minha irmã, um dos pedaços do meu coração fora de mim. e, toda vez que eu tiro uns minutinhos antes de dormir para bater um papo com o cara lá de cima, ela sempre está lá, nas minhas orações. sacomé, com tudo isso, tem quem a inveje. tem quem bote olho gordo. mas não adianta: o santo dela é forte! Melissa é menina. Melissa é mulher. Melissa é fé: nas pessoas, na vida, no amor, no mundo, no infinito (e ainda mais longe!). Melissa é o amor, em palavras e melodia. quem dera ter essa graça toda, mas tê-la comigo já me é mais que suficiente para ser feliz :)

2012-11-22

eu não sei deixar o amor pra mais tarde.


deitada na minha cama as quatro da tarde de um feriado quente e chuvoso, não consegui impedir que meus pensamentos tomassem o metrô e “saltassem” na estação em que você me deixou. eu nunca te falei muito sobre mim, nunca quis que você me descobrisse assim tão frágil. e eu sou. você ainda não sabe mas eu acredito quando você diz que gosta de mim. é lindo. é doce. deitado entre lençóis, me olhando meio sonolento e dizendo: “eu gosto de você”. eu sou assim, me apego por pouco, me deixo levar por poucas e simples palavras. e eu acredito. e eu me encanto. você vai acabar percebendo – cedo ou tarde – que eu não sei ir devagar. não sei deixar acontecer. esperar não é pra mim. eu me apaixono. eu me entrego. mesmo com medo. mesmo com todo o medo do mundo – que é o medo que carrego comigo – eu me entrego. e nem era para ser assim, eu sei. eu disse que esperaria. eu disse que não faria mais isso. eu acreditei tanto tanto tanto que não iria mais me apaixonar por ninguém além de mim, que não pensaria mais em ninguém além de mim, que não viveria por mais ninguém além de mim que me afoguei nessa piscina de amor louco que criei ao meu redor. isso não existe. egoísmo é uma palavra sem significado no meu dicionário e que não existe no meu mundo. não onde eu sinto unicórnios lilases pulando no meu estômago, me bombardeando com glitter e um banho cor-de-rosa toda vez que eu te vejo. e nem tem motivo, afinal, você nem é tão carinhoso comigo. você nem me dá beijinhos na nuca. você não me abraça a metade das vezes que eu queria ser abraçada. você nem... pensando bem, tenho uns motivinhos sim. é o abraço na escada rolante. o seus elogios sinceros e simples. sua racionalidade contrastando com meu exagero quase utópico de tão romântico. é seu sotaque sacana. é sua mão segurando a minha sempre, procurando pela minha sempre, descansando na minha perna, alisando o meu cabelo, passeando no meu vestido. são seus olhos depois da transa. são seus lábios fininhos me enchendo de beijos e dúvidas. não precisa se preocupar, eu não vou te encher com as minhas bobagens. talvez você ainda não tenha notado, mas também sou tímida. não vou te dizer nada disso aqui, você que se ligue. também não se engane: não é porque te escrevi, que te amo. só estou curtindo começar tudo de novo. me encantar de novo. me deixar levar para águas desconhecidas de novo. então, se liga. eu sou assim: uma ridícula cafona boboca criança romântica. entendeu? ro-mân-ti-ca. e eu não sei deixar o amor para depois. eu não quero deixar o amor pra mais tarde.

2012-11-01

hei, cara.

hei, cara. eu quero ser sua garota. quero que você pense em mim e, sem querer, abra um sorriso. quero que você reveja nossas fotos juntos e se sinta especial por me ter ao seu lado, assim como eu me sinto. quero que você não precise da ajuda de ninguém  para me escolher um presente. quero que você saiba o sabor do meu sorvete preferido. quero que você sempre queira segurar minhas mãos entre as suas. e que em todas as escadas rolantes eu encontre o seu abraço. e que em todos os escurinhos de cinema, você me encha de beijos. e que, no frio ou no calor, seu corpo sempre encontre o meu para dormirmos abraçados. quero que você saiba cada um dos meus arrepios. quero dividir com você o melhor e o pior de mim e quero que você faça o mesmo. quero que você me ache linda ao acordar. quero que você me ame de todo jeito. inclusive no meu pijaminha surrado. inclusive naquele all-star azulzinho remendado. quero que desfrutemos dos melhores divertimentos, sem limites, sem culpa e sem motivo. quero ser sempre uma solução, nunca um problema. quero mais ingenuidade nas nossas palavras, desde o "bom dia" ao "não é nada", sem se esquecer do "eu te amo". quero que as respostas para "eu te amo" nunca sejam "eu também". quero que o amor nunca se resuma a palavras, embora eu as ame, mas que elas também não faltem. seu sorriso será sempre o meu sorriso. sua lágrima será sempre minha lágrima. e que isso não signifique que nos completamos. quero ser a garota que te transborda. quero ser a mulher que vai te invadir os pensamentos quando você estiver longe e sozinho. quero ser a mulher que vai te levar ao impossível. quero ser quem vai te fazer deixar de acreditar no impossível. quero ser a menina que vai te fazer perder o controle. quero me descontrolar também. quero que você pense mim até e inclusive quando estiver comigo e que isso seja uma constante de amor, doçura e desejo, e que sejamos sempre isso, ou mais. que nunca precisemos recorrer as mentiras. quero ser quem lê seus olhos. quero ser quem cuida de você quando está doente. quero que nossa vaidade nunca seja maior que nosso amor. quero ser a primeira pessoa para quem você vai ligar para contar uma novidade incrível. quero ser a primeira pessoa para quem você vai ligar para contar uma notícia triste. quero ser sua amiga, sua mulher, sua amante. quero ser a garota de quem você sempre sente saudades. quero ser quem faz você ver tudo mais bonito, mais colorido, mais gostoso e com mais amor. quero ser a garota que dá e recebe o melhor, sempre, a todo momento, sem cobranças e sem dívidas, só por amor. quero que, antes de dormir, você pense "que garota incrível e foda, a minha". e me deixe saber disso, tá? quero ser sua garota. quero ser a sua garota.

2012-10-09

chuvas de verão

Podemos ser amigos, simplesmente
Coisas do amor nunca mais
Amores do passado, no presente
Repetem velhos temas tão banais
Ressentimentos passam como o vento
São coisas de momento
São chuvas de verão
Trazer uma aflição dentro do peito
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão
Estranha no meu peito
Estranha na minha alma
Agora eu tenho calma
Não te desejo mais
Podemos ser
Amigos simplesmente
Amigos, simplesmente
E nada mais

Chuvas de Verão - Caetano Veloso


2012-10-07

Deus lhe pague.

mais uma música do chico, mais uma dose, mais uma noite. aprendi a beber uísque, mas continuo saindo com caras que mal aguentam duas garrafas de cerveja. tô fugindo do dia, tô correndo na noite, tô perdida na estrada. não sei o caminho que pego, não sei se devo alguma coisa. mudei muito, mudei demais, mas as vezes pareço a mesma. as vezes pareço aquela menina tonta de dois anos atrás, aquela menina que curtia joguinhos, aquela menina que se importava demais. e eu tinha largado desses vícios. tinha aprendido a apreciar minha própria companhia, a dispensar mais uma noite de "amor malfeito e depressa, fazer a barba e partir", tinha aprendido a dispensar minha simpatia e ser como sou: mal humorada e chata, sem dó e sem interesse, sem perdão nem piedade. sentada no meu quarto, ouvindo um jazz, bebendo o que eu achasse na geladeira que rendesse um sossego leve, um sorriso fácil, um cantarolar despercebido. sentada no meu quarto, eu esperava um "alô". sentada no meu quarto, o vinho descia mais difícil que uma britadeira. sentada no meu quarto, a ausência é um prato sem sabor, como comida de hospital. toca mais um jazz, toma uma bebida mais forte, encontra outro corpo na noite. tão indecisa com a quantidade de opções quanto numa loja vazia. esperando toda boca ter o encaixe pra minha, procurando em toda mão o acalento pra minha pele, guardando todo o espaço pra quem queira ocupar. e ninguém vem. ninguém vem. ninguém. o álcool vai se diluindo no sangue, se dispersando no meu corpo que vai ficando quente, quente, quente. vontade de ligar e chamar um rapaz qualquer. vontade de atender a ligação de um outro cara qualquer. vontade de aceitar o convite de outro fulano qualquer. e dançar uma noite inteira, enlouquecer e acabar com meus pés numa pista de dança ao som de bowie, perder a cabeça e me deixar ser levada as alturas, pra cima da mesa, pro 12o andar, pra cima da cama. me deixar ser levada a outro quarto escuro, a outro colchão molengo, a outra toalha de café da manhã. e ser quem eu sou: resmungona e calada, displicente e levada. sem a menor vontade de agradar a qualquer um que não seja eu. mas enquanto eu reflito embebedada sobre a diferença do efeito de minhas mãos ou as mãos de outro alguém passeando aqui, adormeço. no fim, mão nenhuma fez diferença. ainda acordei com vontade de você. 

2012-09-30

- adieu.

Vou te dizer uma coisa, rapaz: quem ama, não vai embora. Não existe essa história de “somos perfeitos um pro outro, mas estamos em momentos diferentes da vida” ou “eu te amo, mas não vou conseguir te fazer feliz”.
Isso não existe, entenda. E, ainda que existisse, eu não mentiria assim para você. Não depois do que vivi contigo. Não sendo quem eu sou.
Enquanto você mente para si mesmo tentando acreditar que eu ainda te amo, que eu ainda me importo, que eu vou ficar, que eu não vivo sem o teu perfume, sem o teu braço me enlaçando a noite, sem o teu chamego com os dedos nas minhas costelas, e sem tudo-aquilo-que-era-perfeito-pra-mim, eu tô indo embora. Eu tô indo embora porque amar você cansa. Não tenho mais fôlego pra isso, não tenho mais perna pra correr e fazer dar certo por mim e por você.
Quando eu te digo isso, eu já sei que daqui pra frente pode ser uma droga. Eu vou sentir saudades. Vou querer te ligar bêbada, qualquer hora. Vou querer você me aquecendo de noite e me chamando de sua menina. Vou sentir uma falta tremenda de você passando manteiga e geleia no meu pão. Vou sentir falta de rir das suas imitações toscas dos mais diversos sotaques. Vou sentir uma saudade enorme de me alegrar com cada ligação sua, só de ouvir sua voz, só de te ouvir dizer meu nome. Mas eu vou, principalmente, querer sentir de novo aquele calor gostoso que só o amor faz, aquele encaixe que só o amor tem. Mas eu vou resistir. Depois do tanto que doeu esse amor fodido, me sinto mais forte do que nunca, capaz de tudo, resistente a tudo. Principalmente a você.
E agora que eu tô indo, você quer que eu fique. Ninguém nunca te disse que quando uma mulher decide ir é porque não tem volta? Você provavelmente não sabe, mas eu descobri que nosso amor não tinha jeito na hora em que pensei pela primeira vez “acho que o amor está aqui, mas a vontade de ficar junto se foi ”. Foi ali que comecei a te dizer adeus, foi ali que a sinfonia da despedida foi clareando nos meus ouvidos. A dúvida é o fim das possibilidades do amor.
Sabe que essa história seria um clichê perfeito, digno de comédia romântica americana do Telecine Touch: amor demais, pesar demais. Só que sem o “felizes para sempre”. Percebi que existem grandes chances de você amar mais a ideia de eu te amar, do que me amar, se é que você me entende. E é por isso que não tem volta. Como disse Chico certa vez: "aquela esperança de tudo se acertar, pode esquecer."
Não vai acontecer. Believe me.
E eu não sou a pessoa mais experiente nisso, você diz. Quem sou eu para definir o amor, você grita. Eu não quero fazer isso dar certo, você continua mentindo. E depois de você dizer que a culpa foi minha, com a minha falta de paciência e excesso de sentimentalismo, ainda vai repetir inúmeras vezes que estraguei o que tinha de mais bonito e leve e doce no amor que criamos para nós. O amor em que só um se doava, o amor em que só um se oferecia em parceria, o amor em que só um era presença. O amor em que acreditei e desencantei. E que você nunca acreditou que eu deixaria acabar. Você nunca acreditou que eu te deixaria.
Só que eu não disse nada em resposta. Eu só fui embora. Não te liguei, não respondi suas mensagens no What’sApp, não reagi ao seu dramalhão francês. Não acreditei nas suas (mesmas) mentiras. E nem te mandei um email ou uma última carta amarela com escrita em vermelho rubi. Eu só fui embora. Levei comigo uma sacola cheia de pedaços seus, cheia de lembranças de um amor breve e lindo, intenso e doído. Deixando muito mais de mim do que nunca deixei.
Veja bem, querido. Nunca te chamei de nomes maus. Você nunca será lembrado como canalha, imbecil ou qualquer outra coisa. Nunca te disse que a culpa foi sua. No amor, ou na falta dele, nunca existe um culpado. Nunca te levantei a voz, pelo contrário. Perto do fim, derramei lágrimas como uma torneira velha e sofrida, e foi bom. A dor é o combustível para o recomeço. E cá estou eu. Agora que ando incompleta, sem esses retalhos que te deixei por querer, vou encontrar meus meios de cultivar em mim as partes que você levou. Vou me deixar levar por outro amor, outro rapaz vai povoar meus pensamentos e, quando menos se esperar, eu nem vou lembrar em que prateleira te esqueci no meu peito. Então não me seja injusto, só enfrente o fim. Por que estou aqui agora, te dizendo adieu, ao invés de à biêntôt. Afinal, já que você não vai, eu vou. E não volto mais. Ça va?

2012-09-28

"para sempre é sempre por um triz."

Outro dia levei o maior tombo andando pela Avenida Paulista porque me distraí com um ciclista que parecia demais com você. Esse cheiro de chuva me lembra do cheiro do seu cabelo molhado na praia. Esse clima frio parece me aproximar do seu clima aí. Toda essa atmosfera triste que toma São Paulo em dias chuvosos me lembra você, o seu desgosto nesse clima pobre, sua voz repetindo putain putain putain, seus dedos incansáveis batendo na mesa de mogno. Julho não tinha mesmo de ser frio para você, como era para mim aqui. No fim das contas, a chuva tomou conta de tudo, me alagou em pensamentos bucólicos e me trouxe até essa folha de papel, para dizer o que restava, para continuar a minha sinfonia do adeus.
Outro dia, lembrei de você no metrô. Lembrei quando você desenhou nossos nomes no vidro embaçado da janela do hotel. Lembrei quando você me apresentou sua melhor amiga e não me chamou de namorada, me chamou de amor. “Esse é o meu amor” – você disse. Recordo agora de você deitado no Leblon, me olhando e me fotografando enquanto eu cochilava. Você ria das minhas pintinhas no pé, dizia que pareciam um jogo de “ligue os pontos”. Eu ria da sua facilidade em me agradar, me acalentar, me fazer feliz. Tão simples e delicioso. Lembra quando você cantou She Will be Loved voltando bêbado da minha festa de despedida na praia? Eu lembro tão lindamente dessa noite, lembro que foi ali que, sem querer, me apaixonei por você. Também me lembrei de quando você me disse que não sabia expressar sentimentos e admirava minha facilidade com palavras. Pensando bem, agora que tudo parece mais claro, você nem me conhecia tão bem assim. Escrever nunca me foi fácil. Quando escrevo, quase que todas as vezes é porque sinto dor.
Ontem, antes de dormir, comecei a relembrar dos motivos que nos levaram ao fim. Então entendi: amor é abandono. Por isso que eu deixei tanto de mim para você. Por isso que não me importei em te enviar uma carta amarela com escrita em vermelho rubi. E também por esse motivo que minhas lágrimas, que caíram demais, cessaram. Até a dor me abandonou. Todo o conjunto da obra romântica que constituímos em 327 dias, se foi. E eu não teria feito nada diferente. Eu não pediria que você tivesse feito nada diferente. O amor foi bom, mas se foi.
Uma vez você me disse que ia me mostrar todos os seus lugares preferidos na sua cidade, que ia me levar para comer o melhor pain au chocolat, que ia me ensinar a diferenciar as boas baguetes das ruins, que ia me apresentar para todos os teus amigos como a mulher da sua vida. Você me disse que íamos passar uma semana na casa da sua irmã no interior, que ela ia gostar muito mim e nos apoiaria para os seus pais. Também me disse que íamos andar de bicicleta uma madrugada inteira, mesmo que congelássemos de frio ou que nossos pés se contorcessem de cãibras. Você me disse que teríamos um apê lindo em Nova Iorque, nossos filhos iam brincar todos os dias no Central Park e íamos fazer uma coleção de arte juntos. Íamos envelhecer juntos, no seu sonho. Íamos comer pizza todas as segundas-feiras, para começar as semanas deliciosamente. Nossos sonhos juntos eram dos mais bonitos, planejamos os mais lindos divertimentos. Mas, no fim, era tudo tão frágil que se esvaiu como espuma do mar na areia. Se instalou rápido e, também rápido, se foi. E eu bem que te disse: amor bom chega rápido, toma e devasta tudo. Às vezes fica, às vezes vai. Foi o Chico também quem disse que para sempre é sempre por um triz. Mas é sempre bom, mesmo quando é ruim. Mesmo quando dói. Amar é a coisa mais linda que podemos fazer pelo mundo.
Não nego que queria que durasse eternamente, que sonhei nossas mãos se entrelaçando sem que nunca houvesse outro alguém para segurá-las além de nós. Não nego que muito do que doeu, foi por eu pensar demais nos “poréns” e “talvez”. Não nego que todos os machucados, que agora eu trato de esconder as cicatrizes, poderiam ter sido evitados, tanto por mim quanto por você. Mas as lembranças, mesmo que eu queira mantê-las longe, só vão preservar o melhor da nossa história. Toda a dor, as frustrações, os anseios e as promessas que fizemos e nunca mais iremos cumprir, tudo o que era meu e eu te dei, e tudo o que era seu e você me deu: disso tudo, só restou o que foi bom. Terminamos assim, como naquela canção que dizia que “toda história de amor tem seu fim”. E esse é o nosso, querido.

2012-09-25

das suas posses.

Entre tantas coisas que eu queria poder mudar,
Entre as palavras que gostaria de ter engolido,
Entre tudo – e nada – que eu queria passar para o branco,
A única coisa que vai sempre permanecer em mim é que fui sua.
Meu sorriso foi seu quando cantamos La Vie en Rose naquela noite fria de comemoração de aniversário.
Meus pés foram seus quando caminhamos por horas numa tarde qualquer depois da aula.
Minha surpresa foi sua ao te encontrar no acaso daquele museu.
Minhas costas foram tuas quando, quase queimada pelo sol enganoso, você me passou protetor solar.
A atenção que eu devia ter dedicado aos estudos também foi sua, enquanto você cantarolava, contava piadas, me matava de cócegas e me entretia com esse je ne sais quoi.
Meu estômago foi seu naquele almoço em que provei sua salada de abacate, tomate cereja e vinagre balsâmico, acompanhada por macarrão grudado e a sua viciante coca-cola.
O meu álbum de fotos favoritas, em parte, também é seu, desde que me ensinou a fotografar sem olhar a câmera, sem olhar com os olhos, fotografando com a alma.
Meu sono foi seu quando dormi no teu ombro a caminho da estação de trem.
Todas as brigas que eu iniciei foram suas, não por culpa, mas por eu tentar tão insistentemente me convencer de que não éramos amor, de que não funcionávamos juntos, de que era uma loucura continuarmos. E era.
Minhas mentiras eram e são suas, quando disse que não gostava de você, que não ligava se você não viesse, que não queria mais te ver nunca, que não dava a mínima para a sua saudade infundada, que o meu peito, a minha alma, a vida não tinha se transformado em borboletas desde que minha boca encostou a sua.
Minhas pernas foram suas quando não havia descanso para sua mão naquela viagem de carro.
Até o meu cílio foi teu, quando ao cair no meu polegar, foi você quem fez o desejo.
Todas as minhas palavras foram suas: as embargadas, as doídas, as irônicas, as apaixonadas, as lançadas ao vento, as de amor e as de não-amor também.
Minhas unhas e pele e boca e fôlego: era tudo teu. Quando não haviam mais sentidos, nem cor, nem temperatura ou excesso de, nem expressões que traduzissem o amor que havia em, através e entre nós...
Tudo era teu. Tudo.
Toda a minha dor foi sua até agora. Até o exato momento em que termino esse texto, até eu concluir essa página que foi linda, mas acabou.
Porque todas as minhas verdades também foram suas: te amei muito, te amei demais. Eu nem sabia amar direito e talvez ainda nem saiba, mas, se aquilo não era amor, o que era? E a verdade é que fui sua até quando queria me roubar de ti para não ter que me abandonar depois.
Essa parte que eu te dei, pode ficar. Vou andar incompleta a partir daqui, mas não vou mais te dar nenhum pedaço desse amor. Ele não acabou, mas vai ficar esquecido na geladeira do meu peito, junto com tudo o que você me deu, todas as partes que eu guardei de ti que vão ficar sempre escondidas, no fundo da prateleira.

2012-09-13

- conselho.

não pense no amor como negação:
até quando não, o amor é sim.
até quando sem certeza, até quando com medo.
o amor nunca diz não para o amor
- pelo contrário -
o amor se entrega em um corrente elétrica,
se deslumbra em uma folha crua
se exaspera em sentimentos (nem sempre) vagos
o amor é multiforme,
multicor,
multisentidos.
e quando pensam que ele se foi
o amor se transforma
disforma, reforma
muda de nome; vira amizade
deixa de ser verdade; passa a ser desprezo
finje não ser ele; se disfarça de paixão
ou só se muda de lugar
passa da porta da frente, da sala de estar
e vai para o quarto dos fundos,
para o porão, para o esquecimento...
o amor nunca acaba.
quem acaba são as pessoas,
levando com elas a inverdade
de que o amor tem validade
como um pote de sorvete
com cobertura de solidão.

2012-09-10

uma necessidade.

eu preciso de amor. preciso de amor escrito, amor falado, amor jogado na rua como uma criança órfã. preciso de amor nos olhos nus, nas mãos enfiando dedos numa massa de bolo de cenoura, chocolate, limão. hmmmm, e amor na pele transpirando. preciso de amor no suor, no perfume natural de um corpo palpitando. preciso daquele amor urgente, exasperado, dependente. o amor de um viciado. e quando cair em overdose, meu remédio, meu tratamento, minha cura também será amor. preciso de amor como um diabético precisa comer um doce, mais o nega. preciso de amor como quem diz não precisar de nada, quando não se tem nada. o amor é a minha única necessidade intrínseca, a única que não me abandona quando as luzes se acendem e o público se esvai. preciso de amor porque preciso do amor. e ele não precisa de mim. ele não me quer. ele me larga, me enxota, me chuta como a um cachorro velho e manco. o amor me despreza e caçoa de mim, como se eu fosse a mais otária das adolescentes apaixonada pelo atleta popular. o amor ri de mim como um crítico ri da idiotice de uma comédia-romântica, enquanto a classifica e a joga na sarjeta dos filmes melosos-trash. mas, ainda assim, preciso do amor. preciso do amor nas paixões de metrô, tão duradouras quanto o aviso de "please mind the gap". preciso de amor no sorriso de obrigado. preciso de amor no atender de chamadas à meia-noite, voz embargada por cerveja barata, rímel borrado e um pedido de desculpas. e também preciso de amor quando da ansiedade inicial, a dificuldade de aproximação, as pernas trêmulas para dizer um "oi". preciso de amor no dormir abraçado ao invés de transar com outro estranho de uma festa barata. o amor que me afaga de manhã cedo, mesmo quando babo no travesseiro, mesmo quando ainda tem remela no olho. preciso do amor cruel de noite e amável de dia. mas que também saiba inverter a ordem. preciso do amor que me machuque ás vezes, mas me cure na maior parte do tempo. necessito desse amor que solte faíscas, que me enlouqueça de tanto pensar em amor, amor, amor. preciso do amor na loucura, porque o amor é insanidade. preciso de um amor acabe comigo, me tire do sério, me faça perder noites em claro e dias em devastação pura. preciso do amor dos versos de Drummond, mesmos os mais pervertidos. mas também preciso do amor irreal, aquele sonhado por Vinícius e Tom, cheio de bossa, cheio de prosa, cheio de graça e mentiras no vento. um amor que me dê amor. um amor que me faça cafuné e um suco de laranja. um amor que me permita me amar. e eu quero amar esse amor também. mas o que eu quero mais, independente de como venha, independente de quem o entregue e de como o faça, sem importar a marca, a cor ou cheiro, o que eu mais quero e preciso é amor.

2012-03-11

"Making love to you was never second best"

E é com essa música do Nouvelle Vague que eu me lembro da nossa semana juntos. E tive tanto medo, amor. Tive medo de ter criado um amor platônico por um alguém que eu conhecia o suficiente para ter me apaixonado, mas não tinha certeza de que conhecia o suficiente para amar. E ainda assim, mesmo sem te conhecer por inteiro, mesmo sem saber direito tuas manias, teus jeitos, teus hábitos, eu te amo. Mesmo que agora eu saiba que nada é tão colorido como um romance no Skype, eu vi cores lindas no nosso amor ao vivo. Te abraçar, passar a mão no teu cabelo, descansar a mão na sua perna, tirar um eventual cílio que caiu no teu rosto... Ouvir suas reclamações sem fim, o teu mau humor e grosseria eventuais... Os seus defeitos me fizeram te amar ainda mais, não porque eu seja masoquista, mas porque eu prefiro amar alguém real. Agora eu te escrevo sem saber se você vai me ler; torcendo para que você releia; aguardando que você me envie uma mensagem no What’s App só para dizer que a carta chegou, você adorou (ou achou um lixo, não importa) e vai guardar com carinho... Não demora muito e eu estou aí. Para abraçar e beijar você; te mostrar minha falta de habilidade com caminhos e mapas; te dizer que eu te amo e a vida aqui não tem bossa sem meu alguém por perto. E meu alguém é você.

2012-01-02

(me) amar em você.

e esse amor que tem crescido em mim, esse crescente amor por você, tem me feito tão melhor. passei a ver la vie en rose. passei a acreditar na beleza que você vê em mim. passei a sorrir sem o menor motivo, ou melhor, no melhor motivo: você. e percebi que me amo quando te amo. então isso que é o amor? sentir o coração palpitar no menor contato, pensar em você até e inclusive quando estamos juntos (na tela do computador). e te amar mesmo tão distante. e te amar mesmo tão inconstante. e te amar. te amar. te amar. mesmo sem saber o que você faz direito, mesmo tendo te conhecido tão pouco de perto. te conheci tanto e tão de longe. e meu coração agora é tão seu. então isso que é o amor? quando você não sabe ainda. quando você não tem certeza. quando os outros caras parecem só outros caras. quando nada e tudo parecem poder fazer parte do mesmo você. e meu olho começou a brilhar, as pessoas notaram. e meu sorriso não parece mais fragilizado. meus sonhos já não são mais esquecidos no momento que abro meus olhos. meus dias não parecem mais tão curtos, pelo contrário. parecem uma eternidade. quase do tamanho da distância que nos separa. enquanto você construiu sua casa aqui no meu peito mas ainda mora em outro continente. então se isso é amor eu quero que jamais acabe. então se isso é amor quero que cresça mais a cada dia, até se tornar do tamanho desse oceano que por hora nos separa.