2008-12-10

o próximo trem já vai chegar e eu ainda estou esperando alguém vir para me dar "tchau". ah, eu nem trouxe um lenço. eu devia ter um lenço. para poder acenar do trem, sabe. olha, estou ouvindo o barulho do trem. as árvores balançando com o vento. o sino anunciando a chegada. as pessoas começam a se despedir. é hora do adeus. e eu nem tenho alguém para me dar um abraço. para dizer "volta logo". o trem chegou. e agora, o que é que eu faço? subo, ué. ele vai diminuindo a velocidade, parando, parando... pronto, parou. o maquinista olha os passageiros subindo. olhos caídos, face cansada. há quanto tempo ele está dirigindo esse trem? não sei. um homem vai recolhendo os bilhetes, carimbando-os. os passageiros entrando. está na hora. eu tenho que subir também. o sino tocando mais forte agora. o homem agilizando os passageiros, o trem precisa partir. preciso subir. tenho que subir. um homem idoso vem correndo do outro lado da plataforma e pede que o homem do blihete espere. ele fala para o homem vir mais rápido. mas o outro é tão idoso. como ele vai correr mais rápido? não sei. o homem idoso entrega o bilhete todo amassado ao outro homem. ele olha o bilhete, carimba e manda o homem subir. o homem me olha com uma cara estranha. eu estou chorando! meu Deus, eu estou chorando e nem percebi! o homem me pergunta se eu vou subir. minha boca não se abre. não consigo responder. minhas pernas, paradas, estáticas, imóveis. o homem me ignora. e vai. o trem começa a se mover lentamente. acelera pouco a pouco. parentes e amigos choram a partida de pessoas que acenam com lenços à janela. a plataforma vai se esvaziando. e eu fiquei. como assim? não sei. fiquei. o orelhão da plataforma toca. não há ninguém ali. eu atendo. - alô, destino? desculpa, vou me atrasar. permaneci ali, por horas. então, subitamente, aparece alguém. - tem alguém vindo - meu alguém falou. estou vendo. - não há nada ali para ser visto. desculpa. chegou tarde demais.

adeus.

o próximo trem já vai chegar e eu ainda estou esperando alguém vir para me dar "tchau". ah, eu nem trouxe um lenço. eu devia ter um lenço. para poder acenar do trem, sabe. olha, estou ouvindo o barulho do trem. as árvores balançando com o vento. o sino anunciando a chegada. as pessoas começam a se despedir. é hora do adeus. e eu nem tenho alguém para me dar um abraço. para dizer "volta logo". o trem chegou. e agora, o que é que eu faço? subo, ué. ele vai diminuindo a velocidade, parando, parando... pronto, parou. o maquinista olha os passageiros subindo. olhos caídos, face cansada. há quanto tempo ele está dirigindo esse trem? não sei. um homem vai recolhendo os bilhetes, carimbando-os. os passageiros entrando. está na hora. eu tenho que subir também. o sino tocando mais forte agora. o homem agilizando os passageiros, o trem precisa partir. preciso subir. tenho que subir. um homem idoso vem correndo do outro lado da plataforma e pede que o homem do blihete espere. ele fala para o homem vir mais rápido. mas o outro é tão idoso. como ele vai correr mais rápido? não sei. o homem idoso entrega o bilhete todo amassado ao outro homem. ele olha o bilhete, carimba e manda o homem subir. o homem me olha com uma cara estranha. eu estou chorando! meu Deus, eu estou chorando e nem percebi! o homem me pergunta se eu vou subir. minha boca não se abre. não consigo responder. minhas pernas, paradas, estáticas, imóveis. o homem me ignora. e vai. o trem começa a se mover lentamente. acelera pouco a pouco. parentes e amigos choram a partida de pessoas que acenam com lenços à janela. a plataforma vai se esvaziando. e eu fiquei. como assim? não sei. fiquei. o orelhão da plataforma toca. não há ninguém ali. eu atendo. - alô, destino? desculpa, vou me atrasar. permaneci ali, por horas. então, subitamente, aparece alguém. - tem alguém vindo - meu alguém falou. estou vendo. - não há nada ali para ser visto. desculpa. chegou tarde demais.

2008-11-26

quem sou eu?

poeta, cronista, universitária. amante da língua portuguesa, literatura moderna, teatro e artes plásticas. vive um balé sem fim. louca, louca, louca. tão louca que chega a ser sã. e vive. quase esqueço de dizer que vive. vive por aí, por aqui, por acolá. não engana ninguém, nem conseguiria, não é capaz de enganar a si própria. desagrada a maioria mas nem liga, não faz parte da maioria mesmo. é jovem mas é tão antiquada. é moderna mas é tão classisista. é perfeccionista mas tão errante. bem assim, em resposta, uma questão.

2008-11-07

fiquei ali sentada, olhando as pessoas que iam e voltavam. tanta gente. tudo tão cheio e eu aqui, com esse vazio no peito, na mão, na alma. com meu notebook aberto, pesquisando palavras aleatórias e encontrando significados para te contar. eu li sobre tudo, coisas banais, idiotas, mas fiz para te agradar. e, se seu vôo não tivesse se atrasado, eu estaria lá quando você chegou. mas eu estava tão cansada, eu estava... ah, exausta. fui buscar um copo de café, umas torradas, chocolates, sei lá. questão de vinte minutos. voltei e você estava lá. tanto tempo sem você. tanto tempo sem mim. eu não tinha o quê fazer. não sabia. então te abracei. você é a mais perfeita reação para as minhas ações sem sentido. te fiz derrubar o casaco no chão e te abracei. queria te abraçar para sempre. eu queria estar te abrançando até agora. e o seu perfume ficou na minha blusa de lã. e, olha só, estavámos os dois de vermelho em lã. oscar de olr te deixa misterioso, gosto desse cheiro. você me deu um beijo no pescoço. minhas pernas estremeceram. logo eu, que não sou de me render, me perdi em você. não é justo você ser tão encantador. não é justo o seu olhar me dar conforto. não é justo, eu sei. eu preciso te confessar uma coisa: penso em você antes de dormir. penso em você quando acordo e enquanto escovo meus dentes, penteio meu cabelo e tomo meu café. hoje cedo, me peguei novamente pensando em você. desde que eu descobri que você também gosta de geléia de damasco e biscoitos de maizena com nutella, fico pensando em você no meu café da manhã. peguei o seu casaco caido no chão, você me deu sua mão e eu te dei a minha. pegamos a sua mala e andamos até a saída. madrugada fria, eu caindo de sono e você ali, sentado paciente, enquanto eu passsava o destino ao taxista. seu cabelo estava bagunçado, você deve ter dormido no avião. acho que eu estou mesmo apaixonada. fiquei te esperando quatro horas e meia. mas você chegou. você veio. e continua aqui, mesmo ausente.

2008-10-31

pensei, pensei, pensei...

... e concluí: esperar não é o bastante, é preciso buscar. mas onde?


uma resposta a um comentário.

2008-10-29

eu estou aqui

venha me buscar no passado. prometo te dar um presente, um futuro, uma eternidade sem tamanho, sem fim. vem estar aqui também. estou te esperando. sempre estarei .

2008-10-28

um casulo

tranquei todas as salas e fiquei só, no corredor. abaixei-me e encolhi-me numa ação desesperada, como se pudesse entrar em mim mesma. apurei meus ouvidos para escutar as batidas do meu coração. meu corpo transmite sons, feito uma sinfonia. não sou maestro mas quero tentar. não sou músico mas quero tocar. fui me apertando, me esmagando, me pressionando contra o chão, querendo ser cada vez mais eu mesma, sem ar, sem chão, sem mundo. permaneci ali parada por um tempo, não muito, não pouco, só o suficiente. deixei de me sentir em mim. explodi. sou borboleta.

2008-10-10

loucura

estou cansada desse estado de falta. é uma falta extrema e eu nem sei identificá-la. falta loucura ao mundo, não suporto mais essa estranha lucidez. ela me incomoda, me aflinge, me toca, me impede de ser. e fico ai, pairando. sem loucura não vivemos o mundo, ele é que nos vive. você acha que tem o melhor beijo do mundo mas é são. sanidade é rotina. sanidade é padrão. várias bocas me beijam e poucas me fazem desejar. várias mãos me tocam e quase nenhuma me é perceptível. a garoa não me convém, prefiro tempestades violentas. a brisa fresca da manhã não emociona, apenas os tornados o fazem. e não, não tenho estado satisfeita. tenho me sentido levemente louca, doida, abirutada. e nada, nada vai fazer eu mudar. nem mudar meu estado psicológico, muito menos meu estado permanente de amor à loucura.

2008-09-29

where are the reins of my life?

I DON'T KNOW

não estou apaixonada.

e isso é o que mais me dói. falar de amor quando não o sinto. recitar poemas e respirar poesias quando não tenho em mim o sentimento que as impulsiona. o tique-taquear do relógio me é romântico mais não me faz amar. os olhos cor de noite estrelada me levam a sonhar mas não a amar. as mãos quentes e úmidas, tremendo em aflição me são gentis mas, ainda assim, não me fazem amar. os cabelos cor de verão quente e ensolarado me são suaves ao toque mas não me fazem amar. e porque, meu Deus, porque falo de amor? se não o sinto, porque só sei reclamar a ele? se não o vejo, porque só penso nele? se não o encontro em ninguém, se não o sinto em nada, se não o amo, porque? se a paixão é o início, o primeiro estágio, o começo e o fim, eu deveria tê-la sentido? e porque os garotos não me interessam? porque as garotas também não? porque palavras, carinhos, beijos, nada me interessa? nada me faz senti-lo. eu quero tanto amar. eu procuro tanto. eu estou correndo atrás do amor e nem estou vendo sua sombra. nem seu cheiro de tulipas recém colhidas. nem sua loucura. e ele corre de mim. não para mim. me ensina, eu quero aprender. quero beijar apaixonadamente, quero dizer "eu te amo" com sinceridade. quero ter palpitações, pernas bambas, mãos suadas, ansiedade. quero chorar um ano inteiro de decepções em um só dia. quero viver uma novela. e se amar consome muito, imagine não amar. estou cansada da falta de sentimentos. alguém me ajude a mudar isso, por favor. neutralidade é o pior estado de espírito.

2008-09-26

aconteceu

olhava, olhava, olhava. pensava. girava os braços, corria de um lado pro outro. corria. corria o mais rápido que podia. quebrava tudo. desmoronava em lágrimas. ria até esgotar os pulmões. falava, recitava, cantava, estudava. tentava, tentava, tentava. chamava alguém (quem?), gritava, não tinha ninguém ouvindo. contava pessoas, dedos, números, moedas, postes, mentiras, sentimentos... lia. lia de tudo. classificados, bilhetes, segredos, placas de trânsito nas estradas, placas de trânsito mental, livros, agendas, editoriais, olhares, pessoas, animais, linhas. cantava músicas, pessoas, objeções, direção, sentimentos, vida, curiosidades, surpresas, morte. pintava, coloria, apagava, tudo cinza, se misturando, sem sentido, sem cor, sem alma, sem objeto, sem sujeito, sem nada. perdia o rumo, o senso, a vergonha, a cara, o pau, a vida, o escape, a casa, o ódio, a paixão, a fé. procurava, procurava, procurava. não achava nada. sabia de tudo. não entendia nada. pedia explicações. riam da sua cara. então começou a rir também. riu, riu, riu. chorou de rir. chorou. adoeceu. quase morreu. fez de conta, contou histórias, enganou (muito) e se fez de enganado. um belo dia explodiu. era feito de muita coisa, evaporou e choveu. choveu tanto, tanto, que inundou o mundo. e agora tá aí. por aí. embaralhando tudo, confundindo tudo, misturando tudo, sem nem fazer nada. quem? quem mais? o amor.

meu coração

PAROU DE FUNCIONAR!

e agora, comofas/?

2008-09-25

essa nega tá querendo.

[...]

- Você fica aí, parado, estático, me olhando como se eu tivesse a resposta. Como se eu fosse a resposta. Mas você tá enganado, cara. Eu sou a pergunta. Sou uma dúvida (in)constante. Até pra mim, sério. E, se ontem eu disse que tava louca de tão apaixonada, se eu disse que tava te amando, cara (!), desencana. Foi da boca pra fora, saca? Tava querendo te agradar. E hoje eu não tô nem na tua, não tô nem afim. Eu até tinha pensado em te ligar, mas aquele moreno apareceu e... ahh, me tirou do sério. Então, quando eu tiver com vontade, quando eu tiver com a resposta, eu te ligo ok? Mas vê se para de ficar me infernizando, me chamando de "meu amor", afagando meu cabelo e dizendo essas romanticagens "te amo, morena", "você é linda" e blablablá. Não tô mais na tua. Vê se te manca.

Essa nega tá querendo.
Contrário aos Ventos - Um conto de contos.

2008-09-24

o filme acabou

e esse silêncio é tão estarrecedor que eu preferia ter meus timpanos estourados do que presenciar essa covardia.
a falta de palavras me dói.
o que eu quero?
uma palavra sua.

veja bem, meu bem.

é tão inútil questionar as dores que só trazem inúmeros dissabores, quando o frio já se tornou inevitável e você não virá me aquecer. afinal de contas, ai é quente. é tão inútil te dizer que te amo e ver minhas palavras flutuarem pelo ar que te cerca, atravessarem seus ouvidos e saírem intactas após percorre-los. e você não as aproveita. e que mal tem em continuar insistindo? que mal tem não ver mal algum no que você me faz? é, o amor é assim mesmo e eu pensei que você entendesse ou, ao menos, soubesse. eu morro de amor várias vezes ao dia e ainda não fui enterrada porque gosto de perambular. eu suspiro quando você passa. eu conheço seus sons. estalar de dedos, tique-taque do seu relógio verde, roçar de pernas ao andar. conheço o som incofundível da tua risada.e sei tudo isso tão bem, que até me dói. então não me pergunte porque eu continuo nessa busca incessante de coisa-alguma-que-machuca ou fato-algum-que-corrói. eu amo amar você e, embora a dor seja quase que fulminante, vou continuar. eu ainda não sei por quem me apaixonei. se foi por você-humano ou se foi pelo você-sonho. se eu estiver sonhando, me acorde.