2009-02-20

faminta.

eu estava ali, com a faca e o queijo na mão. cortei o queijo. parecia apetitoso. mas eu não estava com fome. e você ali, parado na minha frente com vontade de experimentar também enquanto eu só partia o queijo e olhava. é um inferno, isso. você cheio de vontade e eu ali, negando. e agora, quem ficou na vontade? eu, logicamente. vou esperar a próxima oportunidade de provar esse queijo. isso é, se houver uma nova oportunidade.

katamina:

doce e irreal tranquilidade provocada pela mistura com absinto ou vodka (ou os dois).
quer?
bebe aqui, em mim.

2009-02-16

norte e sul.

somos opostos. rimamos no poema mas não no amor. sou urgente e você, paciente. não sei esperar. se quiser, vem agora, sem demora. não tenho todo o tempo do mundo para você, pólo negativo.

a escolha foi sua.

foi você que escolheu seguir o caminho oposto ao meu. eu nunca te enganei. nunca menti. nunca, sequer, omiti algo de você. e fui clara dizendo o quê eu queria, o quê eu esperava. não quero cobranças, nós não temos nada. só que você gosta de complicar as coisas. e depois vem me dizer que a complicada sou eu. a diferença entre nós é bem clara: você espera que eu seja submissa e eu não espero nada de você. exatamente por saber que você não tem nada a me oferecer. a que ponto chegamos? você quer discutir relação comigo e nem temos uma relação. veja bem, eu tenho dezoito anos e você, vinte e seis, sou mais madura que você em diversos aspectos. cansei de ficar esperando, dando dicas do que eu quero. você só fala, fazer que é bom, nada! cansei das suas falsas promessas e nem podemos julgar isso uma desilusão porque, para início de conversa, nem me iludir você foi capaz. para de me encher, ok? só escrevi para não ter que ouvir suas reclamações, meu ouvido não é descarga. cansei de você. fikdik.

2009-02-13

menina mimada.

foi você que quis ir embora
agora volta arrependida e chora
olhar pedindo esmola
baby, eu conheço sua escola
quem sabe eu faço um blues em tua homenagem
eu vou rimar tanta bobagem
você é tão fácil, menina mimada...
de enfeites, brochinhos e queixas
queixas, queixas, queixas...
foi você mesma quem quis...
foi você que quis ir embora
agora toca a campainha e cora
diz que esqueceu a sacola
baby, eu conheço tua história
o cara já está buzinando lá embaixo
fazendo papel de palhaço
cheio de flores, promessas
menina mimada, você é um fracasso!
cigarros?
leva o maço
foi você mesma quem quis...

non, je ne regrette rien.

ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est égal.

2009-02-11

calmantes

não surtem mais efeitos em mim. nem o lex, meu amigo íntimo que tem percorrido este caminho tortuoso por dezoito anos.

Deus,

não permita que eu me perca na ansia de me encontrar.

2009-02-10

há algo em mim.

há algo em mim tentando sair. não o identifiquei ainda mas, ás vezes, não sei se esse algo me é ou se eu o sou. tenho a suave impressão de que pode se tornar mais forte se não lhe for permitida a saída. há algo em mim e esse algo me é feroz. me arranca, me machuca, me prende.
[...]
uma dor estranha e não identificável, uma dor que não pausa, não descança, não pára. me pergunto, no vazio, se há a certeza da dor. também não afirmo que dói em verdade pois não sou médica e não sou dada a autodiagnósticos. limito-me a dizer que há algo em mim e esse algo tenta o impossível: libertar-se de uma não libertada.
[...]
desista, não há maneira.

um só coração

batendo por dois corpos.

trecho do filme que eu tenho procurado mas nunca encontrado.

ainda há tempo.

ainda há amor.

2009-02-09

domingo à noite.

- detalhe: 32 anos é quase o dobro da sua idade.
- ele tem alegrado os meus dias infelizes.
- ele tem aliviado os seus dias infelizes.
- não é bem assim.
- é sim. veja bem, se você nem gosta dele, para quê se envolver?
- não tem nada. ele não corre o risco de se machucar.
- ah é? e por que?
- porque ele tem trinta-e-dois-anos...
- e você acha que isso o isenta de dor e sentimentos?
- mas eu tenho dez-oito! ele não se apaixonaria por uma garota de dez-oito-anos-de-idade!
- você tem que parar com isso. ainda vai se arrepender muito.
- o quê?
- você tem que parar com essa mania de querer prever as pessoas. isso não tem dado certo, deixe as coisas acontecerem ao seu devido tempo.
- eu não sei ser assim... desculpe.
- desculpo nada!
- ...
- vem cá...
- que foi?
- dorme aqui comigo hoje?
- tá...
- tá?
- mas só se você me deixar dormir com aquela coberta vermelha.
- é claro que eu deixo, idiota. eu te amo, esqueceu?
- ahh...
- o quê foi agora?
- eu queria te amar também...
- não esquenta a cabeça com isso... não importa. o importante é você estar comigo, aqui e agora.
- eu estou com você, aqui e agora. mas não vai durar para sempre, você sabe.
- é, eu sei. mas não quero saber disso. eu quero saber só da sua boca calada na minha, só isso. o resto não importa. o agora é a melhor parte.

2009-02-06

descoberta.

depressão bipolar.

este é o belo nome da minha doença.

MINHA DOENÇA, OUVIU?

MINHA!
há algo em mim que está acabando comigo.

falta.

acho engraçada a forma como as pessoas fingem e mentem a realidade em que vivem, tentando disfarçar algo com o belo. acredite, o belo pode não ser (sempre) a melhor escolha. talvez seja mais fácil a rendição, a desistência, assim economiza-se tempo e a tendência é que você passe a acreditar mais no que é e, inevitávelmente, tenha nojo de si próprio. os meus pecados estão me perseguindo, presos aos meus pés. eles sussuram abominações em meus ouvidos e tenho tido pensamentos depressivos, não sou assim. mas talvez eu seja, mas disfarce bem. sei que hoje, exatamente, hoje, seis de fevereiro de dois-mil-e-nove, eu tenho vontade de desaparecer nesse céu azul sem estrelas. é um estado tão grave que creio que me perderei antes mesmo de saber o quê me acomete. estou doente, veja bem, e o nome da doença é falta. não há sangue, não há palavras, não há sentimentos, não há nem dor. eu gostaria que sentir alguma dor para me sentir, ao menos, viva. durmo e acordo cansada, pior do que antes de me deitar. alimento-me sem apetite, mas tenho fome. é um musical épico, dramaticamente colossal. minha cabeça está pesada, pensamentos, entrando e saindo, não consigo me agarrar à nenhum. tive um pesadelo horrível essa noite. acho que estou nele ou ele está em mim, ainda. eu preciso melhorar logo. não consigo ser assim tão triste.

estou me esfacelando, aos poucos.

where's my therapist?

falta.

estou cansada desse estado de falta. é uma falta extrema e eu nem sei identificá-la. falta loucura ao mundo, não suporto mais essa estranha lucidez. ela me incomoda, me aflinge, me toca, me impede de ser. e fico ai, pairando. sem loucura não vivemos o mundo, ele é que nos vive. sanidade é rotina. sanidade é padrão. várias bocas me beijam e poucas me fazem desejar. várias mãos me tocam e quase nenhuma me é perceptível. a garoa não me convém, prefiro tempestades violentas. a brisa fresca da manhã não emociona, apenas os tornados o fazem. falta surpresa e tempo para elas. falta sofrimento para que se perceba a falta de amor. gostaria de estar plena de tudo, mesmo sem ter nem pertencer a nada. e não, não tenho estado satisfeita. tenho me sentido levemente louca, doida, abirutada.

2009-02-05

it's your age, it's my rage.

- Ele tem o dobro da sua idade!
- E daí?
- Ele nem faz o seu tipo!!
- E daí??
- Ele é seu...
- Cala a boca! Alguém pode te ouvir.

my age, is it your rage?

trezentos e sessenta e cinco dias no ano

e um só sentimento: o da angústia de te esperar.

vem logo, estarei no aeroporto com aquele vestido bordô que você tanto gosta.

2009-02-03

que medo alegre, o de te esperar.

perder-se também é caminho.

- Eu não te amo, entenda. Não posso amar você. Não consigo.
- É, eu sei.
- Se sabe, porque me pede para ficar?
- Porque eu quero te ajudar.
- Mas eu sou feliz assim...
- Não, você não é.
- ...
- Você é apenas uma linda garota com um coração vazio.
- Você está me magoando.
- Eu sei.
- Me deixa ir.
- Me deixa te ajudar. Me deixa te ensinar...
- Não. Não quero.
- ?
- Amar dói e encontrar o amor, dói mais ainda.
- Entendo...
- Se perder também é caminho.