2010-06-17

amor, estive a sua espera por tanto tempo que desisti.

Luiza, sentada a mesa, chorava de soluçar enquanto chacoalhava uma taça com água. Ela era a mesma mulher que se casara com Eduardo sete anos antes, só que ser a mesma não era o pretendido. Luiza esperava ter mudado. Esperava ter evoluído com o passar dos anos, que, ao invés de lhe trazerem experiência e o conforto da magnitude do tempo vivido, lhe trouxeram dores nas costas, na cabeça e no dorso das mãos. Luiza apenas chorava enquanto Eduardo falava, falava, falava. As mesmas palavras vazias. As mesmas desculpas frágeis que se partiam ao mínimo questionamento. E, após tanto tempo ouvindo, Luiza deixou de escutar e iniciou um choro profundo. Tão intenso e tão absoluto que chegava a ser profano e ingrato. Eduardo amou Luiza. Amou muito. Mas o amor de Eduardo nunca a encontrou. Haviam muitos obstáculos entre eles, mesmo quando estavam lado a lado, nunca se tocavam. Eles tentaram por muito tempo resolver conflitos, encontrar soluções e desvendar casos problemáticos na historia dos dois. Mas quando solviam um caso, outro pior se colocava no lugar. E, além de deficientes, eram cegos. Extremamente negados e absolutistas. Luiza negava os erros de Eduardo que por sua vez, negava os próprios erros. E Luiza tomava a culpa para si quando, na realidade, não havia culpa. Fingiam ser felizes, fingiam acreditar no amor. Mas nem eles acreditavam. Tanto buscaram soluções que as soluções se tornaram o problema. E qual seria a solução para a solução? Solve-la? Destrui-la? Parti-la ao meio, como que a uma maça? Não. Simplesmente desistir. Luiza passou sete anos, sete longos anos aguardando o amor de Eduardo chegar. Eduardo passou sete anos, sete dolorosos anos esperando Luiza vir entregar seu amor. E então desistiram de pausas. Meio que por consenso, Luiza pegou o copo que a tanto segurava e jogou em Eduardo, acertando-lhe a cabeça. Eduardo olhou para ela com espanto, nunca vira Luiza reagir a vida. Luiza, ao ver a expressão de Eduardo teve um momento de arrependimento. Eduardo parou por um instante, passou a mão na sobrancelha tensa. E partiu. O amor não dura. Apenas a lembrança, a dor e a espera suportam. O amor é inócuo, pobre dos que nele acreditam. Pobre de mim.