2011-04-25

porém...

poderíamos ter caminhado um pouco mais e avançado na noite ao invés de termos parado no tempo. poderíamos ter acreditado em nossas escolhas, confiado em nossa reciprocidade ao invés de questionar, questionar e questionar. somos duas crianças perdidas em nosso leito, somos dois jogadores fracos e sagazes tentando enganar a roleta. mas a roleta funciona, querido. não se engane na vitória, é apenas um momento. eu permaneço aqui aconselhando-te. meus conselhos dependem da sua vida da mesma maneira que sua vida depende do alcool e das mulheres e da jogatina barata que te seduz. eu nunca vou abandonar o que há de melhor em você. mas estou me cansando dos seus dias de lixo, sujeira e imundice. você é tão fraco e, ao mesmo tempo, tão imune a tudo isso. o mundo não te toca. a sua carne não se desfaz. você ainda vai encontrar quem te odeie e saiba que esse dia chegará logo. enquanto eu continuo aqui, continua sendo esse merda. eu preciso de outra vida para me ocupar o tempo que resta. eu preciso da sua vida aqui, entrelaçada com a minha, como que um elo. preciso da sua vida para te dizer o quê fazer e para te dizer que isso é errado, porra, porquê você insiste nisso? preciso te dizer que ainda amo o que há de melhor no seu talento para ser o seu pior. preciso te dizer que te amo. sempre, sempre e agora.

2011-04-03

eu fico aqui a noite pensando no que me mantém afastada de você. em quem é você, principalmente. essa é, de fato, a principal e mais essencial pergunta que eu tenho pra mim mesma. eu não sei mais para quem escrevo. não tenho leitores. não tenho fãs. e você não é um alguém real e sim o amor platônico que criei como que para sustentar a minha falta de habilidade em amar algo/alguém que exista essencialmente. não que eu seja diferente ou superior, só perdi a capacidade de amar. talvez seja a expectativa. já me entregue tanto ao amor quando era mais jovem. derramei tantas lágrimas. me frustrei. amei de novo. e caí nas ilusões que eu mesma criei. não ouso dizer que fui enganada por outros, se não por minha própria culpa. meu próprio veneno acreditar demais, confiar demais, ser positiva demais. e me apegar tão depressa. me dedicar tão solenemente ao que nem começou. e me perder. perder a cabeça, e o coração. eu sempre fui, sempre serei tola. mas também esqueço veloz. quando dou por mim, já se tornou lembrança. e se esvai. as vezes fica um leve resquício. as vezes nada. eu sinto falta de realmente ficar louca. mas quando isso acontecer, espero só reciprocidade. nada mais. apenas o retorno.