2009-09-06

deveres (não) intencionais

eu deveria escrever mais. eu deveria me dedicar a palavra com a intensidade que ela se dedica a mim, não partir. eu deveria ficar sempre. eu deveria permanecer ao lado de todos até o fim, até a morte. eu deveria saber olhar os dois lados da moeda e ganhar sempre o "cara-ou-coroa", ao invés de apenas derrubar a moeda no chão e fazê-la girar. eu deveria me agasalhar a noite e manter minha saúde estável, deveria ouvir os conselhos da minha mãe enquanto ela não cobra por eles ou se vai. eu deveria prezar a compania de todas as pessoas, inclusive das ruins. eu deveria acreditar que ninguém é ruim por completo, apenas em parte o é. eu deveria responder a todas as perguntas que me fazem, como uma obrigação, como se não fazê-lo me gerasse um castigo da qual eu me arrependeria. eu deveria prestar atenção em todos os dialógos e monólogos, eu deveria prestar atenção no que eu digo com a minha própria voz aos meus próprios ouvidos. eu deveria me apaixonar por todos os olhares furtivos que cruzassem com os meus olhos também furtivos, eu deveria me perder sempre e deixar que o jamais me envolvesse por completo, como uma sinfonia de "sim". eu deveria experimentar o novo e permitir a diferença sempre. eu deveria esquecer as escolhas automáticas e sempre seguir um caminho novo. eu deveria permitir o fracasso quando fosse necessário o aprendizado mas, deveria antes, aprender com fracassos anteriores. eu deveria entender que minhas limitações também são vantagens. eu deveria... apenas acreditar que um dever tem de ser cumprido e não deixado por terminar em um bloco de anotações aguardando uma postagem....
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eu postei esse rascunho apenas para ver no que daria, não está terminado.... esse será, possívelmente, o primeiro texto no meu livro, como uma série de deveres a serem cumpridos nas crônicas seguintes ou alguma coisa parecida. sei lá.