2013-12-24

le temps

é doce, o tempo de te esperar. 
alimentar a esperança de te ter em meus braços
suprimir as lembranças e mágoas do que já fomos
encontrar seus lábios salgados de lágrimas, como em despedida
te dizer "olá", como quem diz "adeus"
é amargo, o tempo que jamais retorna
quando nossos cabelos se emaranhavam nos seus lençóis
a cor de vinho do teu batom sujava a gola das minhas camisas
e a marca dos teus dentes carimbava os meus seios
é delirante, o tempo que ainda resta
em que te ver com a outra, tornou minha rotina pífia
em que, em devaneios, me deparava com seu corpo nu ao lado da janela
como que um convite à noite
como que um retrato insustentável
feito de memórias e representações subjetivas
é quase que fúnebre, o tempo futuro
acalmar a paixão fervente e acalentar a saudade morna
conformar-me com sua compaixão
esperar a leveza do esquecimento, 
certa que ele sempre vem
mesmo que em prazo indefinido
ainda que sem uma promessa válida
ou só pela ideia de me despir desse amor.