2010-11-17

sem título.

eu vejo passar por mim suave, seus olhos não me reconhecem nem a sua pele.
te puxei pelo braço e você não olhou de volta, te chamei e você não me ouviu.

o que houve?
eu não sou a mesma que você notou três anos atrás no corredor da faculdade.
não sou a mesma que te fez ter ódio de si mesmo e remorso por ser tão fraco ao ponto de me odiar.
na realidade, sou sim. a mesma. imutável. errante. sagaz.
só que agora já não tão fraca quanto no passado.
agora já não tão errante.
agora já não tão cega.

eu cresci.
no alto dos meus dezenove anos notei que depressão não é sofrimento e que sofrimento não é chorar.
tive que lidar com a dor constante, tanto a física quanto a mental e adquiri ainda mais conhecimento sobre mim mesma e sobre o mundo, e as dores que ele sente.

tive de crescer
e saborear uma massa a romanesca sem pecado ou um dourado na manteiga feito em casa mesmo. aprendi a me agradar. a me acariciar. a me amar com mais intensidade do que aos outros.

e você?
mudou o seu olhar? trocou seus óculos inumeras vezes até entender que sua estrutura ossea não foi feita para óculos, quando voce decidiu usar lentes.

e você?
alterou os seus valores? toda a sua lista de valores e "coisas que jamais farei" foram esquecidos da mesma forma que a mulheres que você namorou e disse amar. por um dia.

nunca estaremos tão perto de ficarmos juntos novamente quanto naquele dia, aquele treze de fevereiro em que você me trouxe em casa.

nunca, pois não há mais o que ser feito.

p.s.: iniciado em 13/02/2010, finalizado em 22/10/2010, publicado agora.