2013-12-15

impossible

impossível não colocar meu coração em suas mãos. impossível manter o controle. ou fazer um plano. impossível não te visitar num sonho. e te encontrar na noite, nas sombras do meu travesseiro. e ver a vida rodar num flash, nos seus olhos cor de caramelo. ver nossos 300 e poucos dias passarem como um filme em cores saturadas de alegria e paixão. impossível não te querer ainda mais. não te querer ainda mais perto. ou ainda mais junto. ou ainda mais frequente. impossível não te ver estampado na minha cara. enquanto que te vejo no cintilar do meu olho no espelho do banheiro, no reflexo dos carros, na janela do metrô. impossível tentar agarrar as palavras que fogem dos meus dedos e se derramam sobre o teclado, o papel e a caneta, ou mesmo o vidro do box. impossível segurar os meus pés que insistem em tentar roubar o eterno calor dos teus. e impedir minha mão de seguir a tua como um imã, como que por vontade própria, como que gêmeas. impossível segurar o descompasso do meu peito e emudecer a poesia que tomou minhas palavras faladas, cantadas, sussurradas no timbre que guardo só para você. impossível negar que equalizei meus sentidos num só. nivelei meus passos para encontrar os teus. restaurei a casa toda para receber você. e em tanto impossível, perdi os motivos. e em tanto impossível, perdi as razões. talvez elas tenham ficado enroladas nos lençóis suados que largamos. ou talvez tenham se enlaçado tão forte e sublimemente em nosso inconsciente, que já não podemos mais vê-las. ou talvez tenham se perdido na rotina de me apaixonar e reapaixonar e apaixonar de novo, sucessivamente. ou talvez seja indecifrável. assim como é o amor. assim como é a vida. assim como é o impossível.