2008-09-26

aconteceu

olhava, olhava, olhava. pensava. girava os braços, corria de um lado pro outro. corria. corria o mais rápido que podia. quebrava tudo. desmoronava em lágrimas. ria até esgotar os pulmões. falava, recitava, cantava, estudava. tentava, tentava, tentava. chamava alguém (quem?), gritava, não tinha ninguém ouvindo. contava pessoas, dedos, números, moedas, postes, mentiras, sentimentos... lia. lia de tudo. classificados, bilhetes, segredos, placas de trânsito nas estradas, placas de trânsito mental, livros, agendas, editoriais, olhares, pessoas, animais, linhas. cantava músicas, pessoas, objeções, direção, sentimentos, vida, curiosidades, surpresas, morte. pintava, coloria, apagava, tudo cinza, se misturando, sem sentido, sem cor, sem alma, sem objeto, sem sujeito, sem nada. perdia o rumo, o senso, a vergonha, a cara, o pau, a vida, o escape, a casa, o ódio, a paixão, a fé. procurava, procurava, procurava. não achava nada. sabia de tudo. não entendia nada. pedia explicações. riam da sua cara. então começou a rir também. riu, riu, riu. chorou de rir. chorou. adoeceu. quase morreu. fez de conta, contou histórias, enganou (muito) e se fez de enganado. um belo dia explodiu. era feito de muita coisa, evaporou e choveu. choveu tanto, tanto, que inundou o mundo. e agora tá aí. por aí. embaralhando tudo, confundindo tudo, misturando tudo, sem nem fazer nada. quem? quem mais? o amor.